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Colômbia registrou 96 massacres em 2021, segundo ONG

Instituto Indepaz diz que fenômeno se deve à falta de implementação completa do pacto de paz e às frágeis políticas do Estado

Povo colombiano protesta contra o presidente Iván Duque. Foto: Joaquin Sarmiento/AFP
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A Colômbia encerrou o ano de 2021 com um balanço sangrento de 96 massacres registrados pela ONG Indepaz, que realiza a contagem de chacinas no país, com dezenas de líderes comunitários e ex-guerrilheiros que depuseram as armas mortos.

Segundo esta organização, 335 pessoas morreram nestes episódios, que define como ataques em que três pessoas ou mais, indefesas, são mortas pelas mãos de um mesmo agressor.

Os dois últimos casos ocorreram na quinta-feira 30 e foram registrados pela Indepaz nesta sexta 31, véspera de Ano Novo. Em um deles, três pessoas que tinham recebido ameaças previamente foram assassinadas em La Gloria, departamento de Cesar (noroeste). Um deles era cidadão venezuelano.

No massacre de número 96, identificado pela ONG, um vereador de Guamal, Magdalena (noroeste), morreu com dois de seus familiares. Em nenhum caso o executor foi identificado.

Nas duas regiões estão presentes herdeiros dos paramilitares de ultradireita, desmobilizados em 2006, além de frações do ELN, última guerrilha reconhecida do país.

Embora o processo de paz assinado em 2016 entre a antiga guerrilha das Farc e o governo tenha reduzido a taxa de homicídios, estruturas que disputam o controle de vastos territórios continuam provocando violência.

Em 2021, a Indepaz também registrou o assassinato de pelo menos 48 ex-combatentes das Farc. Para a Organização das Nações Unidas e várias organizações sociais, o assassinato de ex-rebeldes desarmados é um dos maiores riscos para a implementação do acordo.

Indepaz também registrou a morte de 169 líderes comunitários, entre eles ambientalistas, camponeses e representantes de comunidades negras, pelas mãos de diversos autores ilegais.

A ONG atribui o fenômeno à falta de implementação completa do pacto de paz e a frágeis políticas do Estado para estar presente nos antigos redutos das Farc após seu desarmamento, no começo de 2017.

Alianças entre grupos armados ilegais, narcotraficantes que têm seus próprios exércitos, grupos criminosos e lavagem de dinheiro estariam dessangrando o país, acrescenta.

A ONG internacional Human Rights Watch considerou em outubro que a Colômbia registrava um número de massacres “similar” ao de antes da assinatura do acordo de paz.

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