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China reage a Trump e quintuplica tarifas sobre produtos dos EUA

A medida, que deve entrar em vigor em 1º de junho, agrava a guerra comercial entre os dois países; valor equivale a 60 bilhões de dólares

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Em resposta à mais recente taxação sobre produtos chineses anunciada pelos EUA, a China afirmou nesta segunda-feira 13 que vai aumentar de 5% para 25% as tarifas sobre mais de 5 mil produtos americanos com valor equivalente a 60 bilhões de dólares e que vão de baterias a espinafre e café.

A medida, que deve entrar em vigor em 1º de junho, agrava a guerra comercial entre os dois países. Uma tarifa adicional de 25% será imposta sobre mais de 2.400 produtos, incluindo gás natural liquefeito, e outra de 20% sobre cerca de mil produtos, afirmou o Ministério das Finanças chinês.

“O ajuste feito pela China em tarifas adicionais é uma resposta ao unilateralismo e protecionismo dos EUA. A China espera que os EUA voltem para o caminho correto do comércio bilateral”, disse o ministério.

O porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Geng Shuang, afirmou nesta segunda-feira 13 que “a China jamais se renderá a pressão externa”.

Na última sexta-feira 10, o presidente americano, Donald Trump, elevou para 25% as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 bilhões de dólares de bens importados da China, atingindo mais de 5 mil itens. Trump argumentou que Pequim recuou em relação a compromissos alcançados em meses de negociações.

Na manhã desta segunda-feira, o presidente americano alertou via Twitter seu homólogo chinês, Xi Jinping, de que a China “será fortemente ferida” se não aceitar um novo acordo comercial. Pequim tinha “um grande acordo, quase completo e recuou”, escreveu. “A China não deveria retaliar ou só ficará pior.”

O presidente insistiu que as tarifas impostas pelos EUA a milhares de produtos chineses não prejudicam os consumidores americanos. O assessor econômico da Casa Branca Larry Kudlow contradisse o presidente neste domingo ao afirmar que tanto consumidores quanto empresas dos EUA arcam com as tarifas. “Ambos os lados vão pagar”, disse à emissora Fox News.

Na última sexta-feira, o governo chinês já havia prometido adotar “contramedidas necessárias” em resposta à escalada do conflito comercial provocada por Trump. O cenário de incerteza provocou queda em ações mundo afora nesta segunda.

As novas tarifas devem prejudicar exportadores de ambos os países, assim como empresas europeias e asiáticas que comercializam produtos entre os EUA e a China ou fornecem componente e matérias-primas para que os bens sejam fabricados.

As tarifas que já estão em vigor prejudicaram o comércio de bens que vão de grãos de soja a equipamentos médicos.

Economistas alertaram que as novas tarifas impostas pelos EUA podem atrapalhar uma recuperação econômica da China, com a nova rodada de taxas podendo resultar numa queda de ao menos 0,5 ponto percentual no crescimento econômico anual chinês, para menos de 6%.

Trump: China “será fortemente ferida” se não aceitar um novo acordo comercial

Os governos das duas maiores economias do mundo já impuseram taxas alfandegárias sobre centenas de bilhões de dólares às exportações de cada um. Um dos pontos de discórdia nas negociações bilaterais é a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as empresas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energias renováveis, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideraram que essa estratégia, impulsionada pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao dar subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Em dezembro passado, Washington e Pequim acordaram um período de tréguas, mais tarde prolongado. No início deste mês, Trump quebrou a trégua e anunciou que os EUA iriam aumentar as taxas alfandegárias, acusando os chineses de voltarem atrás em compromissos feitos anteriormente.

Trump criticou duramente o déficit comercial dos Estados Unidos com a China, que atingiu 419 bilhões de dólares em 2018, afirmando que essa situação elimina empregos na indústria dos Estados Unidos.

No último fim de semana, o presidente americano deu sinais de que não está disposto a uma trégua e está preparado para uma longa batalha econômica, ordenando o início da imposição de tarifas a praticamente quase todos os bens chineses importados pelos Estados Unidos.

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