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Brasil busca promover a Celac como plataforma de integração latino-americana

Lula, que sempre deixou explícitas as ambições de ser uma liderança política internacional da região, será protagonista do evento desta terça-feira na Argentina

Foto: ESTEBAN COLLAZO / Argentinian Presidency / AFP
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A VII Cúpula dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que acontece nesta terça-feira (24) em Buenos Aires, buscará promover a integração de países que enfrentam múltiplas crises políticas e econômicas, influenciados pelo impulso renovado do Brasil após a posse de Lula.

A reunião desse fórum de consulta formado por 33 países, atualmente presidido pela Argentina, tem como protagonista o presidente brasileiro, que retorna ao cenário internacional após vencer as eleições, com um discurso no qual recorda permanentemente as conquistas diplomáticas de seus dois primeiros governos (2003-2010).

“O Brasil está outra vez de braços abertos”, resumiu Lula na segunda-feira ao seu homólogo argentino Alberto Fernández na Casa Rosada, na primeira visita de Estado de seu novo mandato.

Lula sempre deixou explícitas as ambições de uma liderança política internacional que entende caber ao Brasil por sua dimensão geográfica, peso econômico e, mais recentemente, pela amplitude do território amazônico, em um mundo que busca coordenar esforços contra as mudanças climáticas.

Mas os anos em que o Brasil, com Lula na Presidência, foi um articulador preponderante entre os países emergentes e as nações industrializadas no G20, promovendo o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ou a Unasul e a própria Celac, criada em 2010, passaram longe.

Nesta cúpula em Buenos Aires, a presença dos líderes foi um pouco reduzida. Estarão presentes vários líderes de esquerda, como o colombiano Gustavo Petro e o chileno Gabriel Boric, e líderes de centro-direita, como o uruguaio Luis Lacalle Pou. Mas muitos de ambos os lados do espectro político não compareceram à convocação, como o presidente da segunda maior economia da América Latina, o mexicano Andrés Manuel López Obrador.

Outros desertaram no último momento, como Nicolás Maduro. O governante venezuelano, que foi denunciado perante a Justiça argentina por organizações civis e particulares por violação dos direitos humanos, na tentativa de que fosse investigado caso chegasse ao país, anunciou na segunda-feira que não pisará em solo argentino.

Maduro tinha um encontro marcado na segunda-feira com Lula, que manteve na agenda o encontro com o cubano Miguel Díaz-Canel, depois de pedir ao seu anfitrião Alberto Fernández o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba.

A cúpula da Celac acontece em um contexto de múltiplas crises internas nos países latino-americanos, e inclusive tensões entre vizinhos e parceiros.

O Mercosul vive uma profunda crise em meio à decisão de Montevidéu de negociar um TLC bilateral com a China e solicitar a entrada no Acordo Transpacífico sem o consentimento dos demais sócios do bloco, decisão fortemente questionada por Brasil, Argentina e Paraguai.

“A América Latina está quebrada do ponto de vista institucional” e, além disso, “não conseguiu se inserir coletivamente no mundo”, afirmou Ignacio Bartesaghi, especialista em Relações Internacionais e Integração da Universidade Católica do Uruguai, em entrevista à AFP.

A cúpula terá início às 10h00 e uma coletiva de imprensa final está marcada para as 17h30.

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