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Brasil avalia entrada na Opep+, aliança de produtores de petróleo liderada por sauditas e russos

Um comunicado do grupo já dá como certa a entrada do Brasil no clube de produtores de petróleo em janeiro de 2024

O presidente Lula durante cerimônia oficial de chegada a Doha, no Catar, em 30 de novembro de 2023. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O Brasil foi convidado a aderir à Opep+, aliança composta pelos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, e 10 parceiros sob o comando da Rússia. O convite foi feito durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Riade, nesta semana, e Brasília afirma que a proposta está sendo avaliada.

Um comunicado de imprensa da organização, publicado nesta quinta-feira (30) após uma reunião dos membros da aliança, indicou que Brasília “aderirá à carta de cooperação da Opep+ a partir de janeiro de 2024”.

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, esteve presente nesta reunião, organizada por videoconferência. “Este é um momento histórico para o Brasil, que abre um novo capítulo no diálogo e na cooperação internacional em energia”, disse ele, durante o encontro. Silveira acrescentou que “espera juntar-se a este grupo e trabalhar” com os seus 23 membros.

Depois, entretanto, o ministério especificou, em um comunicado enviado à AFP, que o ministro estava “analisando a questão”.

Controle de preços

Fundada em 1960, a Opep formou uma aliança em 2016 com outros dez países, incluindo Moscou, sob a forma de um acordo denominado Opep+. O objetivo é monitorar os preços de mercado face aos desafios colocados pela concorrência americana.

“Dado que o Brasil é um grande produtor de petróleo (…), é importante tê-lo a bordo”, comentou Giovanni Staunovo, analista do banco UBS, à AFP. Mas para Ole Hansen, do Saxobank, “juntar-se a um grupo que defende a limitação da produção não faz sentido”. “Até porque o Brasil tem capacidade de aumentar sua produção nos próximos anos”, argumenta.

Maior produtor da América Latina, o Brasil registrou efetivamente uma produção de petróleo brut de 3,7 milhões de barris por dia em setembro, segundo dados do grupo Argus. O desempenho representa um aumento de quase 17% em um ano e “um nível recorde”.

Redução da produção

Vários países da Opep+ anunciaram nesta quinta que iriam reduzir ainda mais a sua produção de petróleo em 2024, com o objetivo de travar a recente queda dos preços do produto. A iniciativa, mais uma vez, é encabeçada principalmente pelos dois pilares da aliança dos produtores, a Arábia Saudita e a Rússia.

Riade prolonga, assim, os seus cortes de um milhão de barris por dia (bpd) até “ao final do primeiro trimestre de 2024”, segundo um comunicado do Ministério da Energia publicado após a reunião por videoconferência dos ministros do grupo. Moscou, por sua vez, está a reforçar a sua medida de redução das exportações no mesmo período, que passa de 300 mil para 500 mil barris por dia, anunciou o vice-primeiro-ministro responsável pela Energia, Alexandre Novak.

Entre os 23 membros, outros países, como os Emirados Árabes Unidos, também farão cortes menores. Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã estão na lista, noticiou a agência Bloomberg.

Reação negativa dos mercados

Os mercados reagiram com decepção a estes gestos voluntários e à ausência de um acordo coletivo da Opep+. No fechamento dos pregões na Europa, o preço do Brent, referência europeia para o brut, caiu 0,31%, atingindo US$ 82,84 por barril.

Inicialmente marcada para domingo em Viena, a reunião foi adiada em meio a divergências internas. A Arábia Saudita tem tido dificuldade de convencer os países africanos a concordarem com a redução da produção.

Entre os resistentes, Angola e a Nigéria “querem aumentar as suas quotas de produção”, a fim de aumentar os lucros inesperados do petróleo, uma fonte de moedas estrangeiras preciosas para eles, segundo uma fonte próxima das discussões. Os dois países saíram contrariados da última reunião, em junho, que concluiu por uma queda nos seus objetivos de produção, após anos de baixo investimento.

Desde o final de 2022, a aliança manteve cerca de 5 milhões de barris por dia no subsolo, aproveitando a escassez de oferta para tentar aumentar os preços – prejudicados pela incerteza econômica, num contexto de taxas de juro elevadas.

(Com informações da AFP)

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