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Bolsonaro precisa arrumar novos ministros, diz cientista político

Vitória do democrata Joe Biden nas eleições norte-americanas sinaliza uma nova relação com os EUA

O ministro Ernesto Araújo, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles, respectivamente (Foto: Marcos Corrêa/PR) O ministro Ernesto Araújo, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles, respectivamente (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro deverá trocar os seus ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, após Joe Biden vencer Donald Trump nas eleições nacionais dos Estados Unidos.

A opinião é de Roberto Goulart Menezes, doutor em Ciência Política, professor de Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB) e membro do Instituto Nacional de Estudos Políticos sobre os Estados Unidos.

“O resultado da eleição significa que Bolsonaro precisa arrumar um novo ministro das Relações Exteriores e um outro ministro do Meio Ambiente. Não adianta persistir as políticas atuais de ambos, pois vão levar a mais isolamento, já que foram desenhadas para a realidade do trumpismo”, diz Menezes em entrevista a CartaCapital.

Para ele, a eleição do democrata pode representar a exclusão das relações com a extrema-direita: “A vitória colabora para o isolamento da agenda da extrema-direita. Se o Biden derrotou o nacional-populismo nos EUA, ele não vai dar espaço para governos que são colocados como aqueles que estão minando as instituições dos seus respectivos países”.

“Ele [Biden] deve bloquear a extrema-direita por meio de uma agenda de direitos humanos. Não quer dizer que vá transformar os direitos humanos em valores de agora em diante, mas que vai apontar para o multilateralismo”, afirma o cientista político.

Ainda em relação ao Brasil, o professor aponta que o nível de prioridade que o novo governo norte-americano dará ao País poderá ser medido pelo embaixador que será indicado.

“O Biden vai procurar quem são os interlocutores dele no Brasil. A primeira coisa que a gente vai ver sobre o peso que ele dará a Bolsonaro é o embaixador que ele vai nomear. Se é alguém muito experiente, de confiança da cúpula do partido Democrata”, disse.

América do Sul

A confirmação de Biden como novo presidente dos Estados Unidos pode significar “menos tensão” para os vizinhos do Brasil.

Para o professor, caso Trump fosse reeleito, a região seguiria no que chama de “instabilidade”.

“Um novo governo Trump faria com que a Bolívia, por exemplo, tivesse muita dor de cabeça. O país e a Argentina poderiam entrar em uma espiral que entrou a Venezuela. A reeleição do Trump poderia encorajar países a caminhar rumo a esse tipo de política da extrema-direita”, aponta.

No último mês, as eleições bolivianas confirmaram a vitória de José Arce como novo presidente do país. Ele foi apoiado pelo ex-presidente Evo Morales que, após exílio na Argentina, deve voltar à Bolívia.

Relação com a China

A disputa entre EUA e China em relação à tecnologia 5G também ganha novos capítulos com a participação do Brasil.

O leilão das novas frequências deve ocorrer em 2021. Nas últimas semanas, o governo brasileiro assinou acordos com os Estados Unidos de facilitação de comércio e de investimentos em uma série de áreas, inclusive a rede 5G.

“O governo Bolsonaro talvez dê um passo atrás, não se precipite em excluir a China e tente mostrar para o Biden que o 5G no Brasil continua sendo prioridade para os EUA. Ele não deve entregar de bandeja, pode até negociar melhores condições”, analisa.

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