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Boca de urna confirma Evo Morales presidente até 2020

Evo Morales é reeleito presidente da Bolívia. Em sua terceira eleição, o presidente ganhou em oito dos nove departamentos do país

Evo Morales, acompanhado por David Choquehuanca, ministro de Negócios Estrangeiros, saúda simpatizantes que se reuniram na Plaza Murillo, em La Paz, no domingo 12 de outubro
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De Cochabamba, Bolívia

As pesquisas de boca de urna confirmam que Evo Morales ganhou as eleições presidenciais na Bolívia, com mais de 60% dos votos. Em sua terceira eleição, o presidente ganhou em oito dos nove departamentos da Bolívia – somente no estado amazônico de Beni Evo perdeu para Samuel Doria Medina, com uma estreita margem de votos.

Com este resultado, Evo Morales continuará no comando do país até 2020 e o MAS, seu partido, está prestes a consolidar os dois terços de cadeiras na Assembleia Legislativa Plurinacional.

Os resultados de boca de urna do instituto Mori dão vitória para Evo com 61% enquanto, Ipsos anunciou 59,5%. A opositora UD obteve 24% segundo o Mori e 25,3% de acordo com o Ipsos; PDC 9% e 9,6%; MSM 3% e 2,9% e o Partido Verde 3% e 2,7%, respectivamente.

As eleições bolivianas começaram já na madrugada, com os votos dos bolivianos residentes no Japão. Evo acompanhou todo o processo de eleição dos bolivianos no exterior e, na manhã de domingo, foi votar na Vila 14 de Setembro, região do Chapare, Cochabamba, onde começou sua carreira política e local da sua principal base eleitoral, os cocaleros e camponeses.

O processo eleitoral foi acompanhado por missões de observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos (OEA), União das Nações Sul-Americans (Unasal), Nações Unidas, Parlamento Andino e também por “observadores populares” de diversas partes do mundo, organizados pela Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB) e outros movimentos bolivianos.

Logo após a divulgação das pesquisas, Evo fez um discurso no balcão do palácio de governo: “Esse triunfo é dedicado a Fidel Castro, dedicado a Hugo Chávez, que descanse em paz, e a todos os presidentes e govenos antiimperialistas e anticapitalistas”, disse Evo à multidão reunida na Praça Murillo.

Evo agradeceu o apoio dos diversos movimentos sociais que suportam sua candidatura, especialmente a Federação de Mulheres Campesinas Las Bartolinas, A Central Operária Boliviana e as organizações camponesas e cocaleras, e lembrou o movimento zapatista do México e o subcomandante Marcos, seu líder, segundo quem é preciso “governar obedecendo o povo”.

Em seu discurso, Evo destacou a vitória ampla obtida nas urnas. “Não há uma meia lua, mas uma lua cheia”, afirmou, em alusão ao termo usado pela a oposição para se referir aos departamentos orientais opositores, com centro em Santa Cruz. Neste domingo, Evo ganhou também em Santa Cruz, que se notabilizou nos últimos anos como um reduto de seus opositores. O presidente reeleito convidou a oposição a trabalhar junto pelo bem da Bolívia. “A oposição tem o direito de discordar e se algo está mal que rechacem e proponham alternativas”, afirmou.

Evo destacou a integração latino-americana no âmbito do Mercosul e condenou a Aliança do Pacifico, que reúne Chile, Colômbia, México e Peru. Para Evo, o bloco que rivaliza com o Mercosul é significa “livre mercado para as políticas do Consenso de Washington, para o retorno da Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca) e a privatização dos serviços básicos”. Em um aceno possivelmente problemático para alguns vizinhos, Evo confirmou a opção de seu governo por desenvolver a energia nuclear com fins pacíficos.

No meio de seu discurso, a multidão começou a gritar “reeleição Evo”, em alusão a uma possível mudança na Constituição para instituir a reeleição permanente, mas Evo deu a entender que não seguirá este caminho. “Precisamos é de mais “geração Eva”, de novos militantes, de novas lideranças”, disse. Aparentemente, haverá pressão popular para que ele busque se perpetuar no cargo. Em diversas cidades bolivianas a população se concentrou em praças durante a noite para comemorar os resultados. Em Cochabamba, assim como em La Paz, foi possível ouvir os gritos de “reeleição Evo” por parte da multidão.

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