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Blinken retorna a Israel para pedir ‘medidas concretas’ que protejam os civis de Gaza

O desembarque do diplomata em Tel Aviv aconteceu poucas horas depois de Israel anunciar um cerco total à cidade de Gaza

Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos. Foto: Reprodução
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O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou nesta sexta-feira 3 a Israel para pedir “medidas concretas” na proteção dos civis na Faixa de Gaza, que enfrenta bombardeios incessantes israelenses desde o ataque letal do grupo islamista Hamas em 7 de outubro.

Em um momento de temor de propagação do conflito pela região, o secretário de Estado americano inicia sua segunda viagem ao Oriente Médio desde o início da guerra. O desembarque de Blinken em Tel Aviv aconteceu poucas horas depois de Israel anunciar um cerco total à cidade de Gaza.

“Vamos conversar sobre medidas concretas que podem e devem ser tomadas para minimizar os danos aos homens, mulheres e crianças de Gaza”, declarou Blinken antes de deixar Washington.

O secretário de Estado se reunirá com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e participará em uma reunião do gabinete de segurança.

Ao mesmo tempo, o influente líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, pretende fazer o primeiro discurso desde o início da guerra, no qual deve explicar se o seu grupo, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã, entrará de fato no conflito.

Desde o ataque do Hamas, que deixou mais de 1.400 mortos segundo as autoridades israelenses, os 2,4 milhões de habitantes de Gaza vivem cercados e enfrentam os bombardeios constantes de Israel, que provocaram mais de 9.200 mortes, incluindo mais de 3.800 menores de idade, segundo o movimento islamista.

Na incursão do Hamas em território israelense, os milicianos também sequestraram mais de 240 pessoas.

Hamas ameaça

Após uma semana de combates no norte Faixa, os soldados israelenses conseguiram “cercar a cidade de Gaza, centro da organização terrorista Hamas”, anunciou na quinta-feira o porta-voz militar Daniel Hagari.

“Estamos no auge da campanha (militar), nossos êxitos são impressionantes”, celebrou Netanyahu na quinta-feira durante uma visita a uma base militar perto de Tel Aviv.

Ele reconheceu que a operação é “difícil” e inclui “perdas dolorosas”. Até o momento, o Exército relatou que 332 soldados morreram na guerra.

Israel bombardeou o enclave na madrugada de sexta-feira, segundo correspondentes da AFP.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território, sete pessoas morreram em um ataque em Jabaliya, campo de refugiados no norte da Faixa, onde quase 200 pessoas faleceram em bombardeios durante a semana. No bairro de Zaytun, na cidade de Gaza, morreram outras 15 pessoas.

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU afirmou que os bombardeios israelenses contra o campo de refugiados de Jabaliya, o maior de Gaza com 116.000 residentes, poderiam constituir “crimes de guerra”.

As Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do movimento palestino, afirmaram que atacaram soldados israelenses perto de Beit Lahia, norte do enclave.

Vídeos divulgados pelo Hamas mostram os combatentes do grupo saindo de túneis para atacar os tanques israelenses, que enfrentam dificuldades para avançar devido à destruição provocada pelos bombardeios.

O porta-voz do braço armado do movimento palestino, Abu Obeida, afirmou que “Gaza será uma maldição na história de Israel” e que muitos de seus soldados “voltarão em sacos pretos”.

O Exército israelense afirmou enfrentou “unidades terroristas que usaram mísseis antitanque” e artefatos explosivos improvisados.

Na densamente povoada cidade de Gaza, alguns moradores procuraram refúgio perto do hospital Al Quds.

“Precisamos de um lugar seguro para nossos filhos”, declarou à AFP Hiyam Shamlakh, de 50 anos. “Todos estão aterrorizados. As crianças, as mulheres, os idosos”, acrescentou.

Desde quarta-feira, feridos e pessoas com passaporte estrangeiro foram autorizadas a sair do território cercado através da passagem de fronteira de Rafah e entrar no Egito – o único acesso à Gaza que não é controlado por Israel.

A ONU informou que quase 60 feridos e 400 estrangeiros ou pessoas com dupla cidadania saíram de Gaza na quinta-feira, número similar ao registrado no dia anterior.

Israel começou nesta sexta-feira a enviar de volta todos os trabalhadores do enclave que estavam no seu território no momento do ataque do Hamas.

“Israel corta todos os vínculos com Gaza, não haverá mais trabalhadores palestinos em Gaza”, afirmou na quinta-feira o gabinete de segurança do país.

Quase 18.500 moradores de Gaza tinham autorização para trabalhar em Israel quando a guerra começou, segundo as autoridades israelenses.

A ONU afirmou que está “profundamente preocupada” com a medida, levando em consideração a “gravidade da situação” no enclave palestino.

Tensão no Líbano

A visita de Blinken, que depois viajará para a Jordânia, acontece em um momento de preocupação com uma possível expansão regional do conflito.

A guerra aumentou a tensão na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, onde seis palestinos morreram nesta sexta-feira em uma série de incursões do Exército israelense. A situação neste território é “alarmante e urgente”, alertou a ONU.

Israel também anunciou um “vasto ataque” na quinta-feira contra posições do Hezbollah no sul do Líbano, em resposta a disparos procedentes da região contra o norte de seu território.

A violência provocou 70 mortes no sul do Líbano desde 7 de outubro, segundo uma contagem da AFP, a maioria combatentes do Hezbollah. Do lado israelense morreram oito soldados e um civil, segundo as autoridades.

Além dos bombardeios contra Gaza, Israel impôs um cerco praticamente total ao território de 362 quilômetros quadrados e cortou o acesso ao abastecimento de água, alimentos, energia elétrica e combustíveis.

O cerco foi um pouco flexibilizado nos últimos dias para permitir a entrada de alguns suprimentos em pouco mais de 370 caminhões de ajuda humanitária, segundo a ONU, que pede autorização para enviar mais assistência.

A ONU calculou a ajuda necessária à população de Gaza e da Cisjordânia em 1,2 bilhão de dólares até ao final de 2023, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

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