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Berlusconi é absolvido em julgamento por suborno de testemunhas

Antigo primeiro-ministro foi acusado de corrupção pelo MP por ter pago pelo silêncio de 28 participantes de festas privadas em 2010

Silvio Berlusconi
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Um tribunal italiano absolveu, nesta quarta-feira 15, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi das acusações de suborno de testemunhas para que mentissem sobre suas controversas festas “bunga bunga”.

“Só posso ficar extremamente satisfeito”, declarou após o veredicto Federico Cecconi, o advogado do bilionário magnata dos meios de comunicação e senador, que tem 86 anos.

Cecconi destacou que o veredicto de um tribunal de Milão é a terceira absolvição neste caso para Berlusconi, que não compareceu hoje ao tribunal.

“Três em três, já basta”, disse, com a expectativa de que o Ministério Público não apresente recurso. 

Berlusconi já havia sido absolvido das acusações de manipulação de testemunhas em dois capítulos do processo: em 2021, em Siena; e em 2022, em Roma.

O MP de Milão havia acusado o político italiano de ter efetuado pagamentos às jovens e aos músicos que compareceram a suas festas para comprar o silêncio de testemunhas.

Berlusconi, cujo partido Forza Italia é um dos aliados na coalizão de governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, de extrema direita, enfrentou inúmeros processos nas últimas décadas e venceu quase todos.

“Trata-se de uma excelente notícia, que põe fim a um longo processo judicial que teve importantes repercussões na vida política e institucional italiana”, comemorou Meloni. 

“Feliz pela absolvição de Silvio depois de anos de sofrimentos desnecessários, insultos e polêmicas”, reagiu Matteo Salvini, líder da legenda anti-migração Liga e aliado histórico do magnata. 

O empresário idoso, que se afasta lentamente da política diária, continua a provocar polêmica. No domingo (12), criticou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, e defendeu o chefe de Estado da Rússia, Vladimir Putin, para grande irritação de seus aliados no governo.

– O “sultão” e suas “escravas sexuais” -O primeiro processo do escândalo “Ruby”, também conhecido como “Rubygate”, em referência à jovem marroquina Karima El-Mahroug, rendeu ao ex-primeiro-ministro uma condenação, em primeira instância, a sete anos de prisão em junho de 2013 por prostituição de menor e abuso de poder. 

Karima que era menor de idade na época em que era uma das convidadas especiais das festas de Berlusconi.

O magnata foi, no entanto, absolvido de maneira definitiva em março de 2015 pela Corte de Cassação.

No caso conhecido como Ruby-bis, vários amigos e colaboradores de Berlusconi foram julgados, acusados de providenciarem jovens prostitutas para suas festas. Entre os réus, estava um famoso apresentador de televisão que foi condenado a 4 anos e 7 meses de prisão.

O processo envolveu os pagamentos feitos por Berlusconi às mulheres e aos músicos que participaram de suas festas.

Para o MP, o silêncio das jovens custou ao magnata quase 10 milhões de euros entre 2011 e 2015, incluindo sete milhões para Ruby.

“Estava muito assustada, agora começo a viver de novo”, reagiu Ruby, ao tomar conhecimento do veredicto na corte de Milão.

A modelo dominicana Marysthella García Polanco, entre as convidadas das festas, disse aos jornalistas presentes que sua vida se transformou em um “pesadelo” por causa do processo. 

Os pagamentos aconteceram em espécie, presentes, carros, aluguéis, contas e despesas médicas.

A defesa de Berlusconi alegou que o dinheiro era uma indenização pelos danos à reputação das pessoas envolvidas no caso e insistiu em que ele estava sendo processado por sua “generosidade”. 

Durante o indiciamento, a promotora Tiziana Siciliano descreveu Berlusconi como uma espécie de “sultão” que costumava “animar suas noites com um grupo de odaliscas, escravas sexuais pagas, contratadas para entreter”.

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