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Ataques de Israel em Gaza matam 240 palestinos em 24h; corpos são enterrados em vala comum

O Exército israelense afirmou que a guerra irá durar vários meses e que os combates se estendem, agora, a campos de refugiados no centro de Gaza e Khan Yunes, uma grande cidade no sul do enclave

Um homem carrega o corpo de um parente morto num ataque israelense a Rafah, no sul da Faixa de Gaza, no hospital al-Najjar, em 1º de dezembro de 2023. Foto: MOHAMMED ABED / AFP
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Na quarta-feira (27), o exército israelense intensificou seus ataques na sitiada Faixa de Gaza, onde a guerra contra o Hamas pode durar “muitos meses mais”, apesar dos apelos por um cessar-fogo para entregar ajuda humanitária crucial aos civis no território palestino.

Segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, nas últimas 24 horas, ao menos 240 palestinos morreram em decorrência dos ataques. Corpos de mártires, termo atribuído por movimentos islâmicos a seus combatentes, foram transportados de caminhão e enterrados numa vala comum perto de Rafah, na fronteira com o Egito.

O Exército israelense afirmou que a guerra irá durar vários meses e que os combates se estendem, agora, a campos de refugiados no centro de Gaza e Khan Yunes, uma grande cidade no sul do enclave.

Paralelamente, uma operação militar na Cisjordânia deixou, na manhã desta quarta-feira, seis mortos e vários feridos num campo de refugiados no norte do território. Em outra frente de guerra contra grupos que apoiam o Hamas, Israel fez um ataque aéreo na fronteira com o Líbano que matou um combatente do Hezbollah e dois civis.

Em um sinal de crescente regionalização do conflito, os Estados Unidos interceptaram na terça-feira (26) no Mar Vermelho drones e mísseis disparados pelos rebeldes huthis do Iêmen, que agem com apoio Irã. Os huthis reivindicam as ações em solidariedade aos palestinos, ameaçam atacar interesses israelenses e perturbam o comércio marítimo internacional há vários dias.

Além disso, o Irã, que renovou anteontem seu apoio ao Hamas, retomou sua escalada nuclear ao aumentar, no final de novembro, a produção de urânio enriquecido para seu programa militar de armamentos. Desta forma, Teerã aumenta a pressão sobre Israel, seu inimigo regional, e potências ocidentais.

O Irã disse na quarta-feira que não havia “nada de novo” em um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), publicado no dia anterior, indicando uma aceleração na produção de urânio altamente enriquecido da República Islâmica. De acordo com a agência da ONU, o Irã “aumentou sua produção de urânio altamente enriquecido nas últimas semanas, depois de diminuir o ritmo desde meados de 2023”.

“O novo relatório não contém nada de novo (…) e nós não fizemos nada de novo, essas são as atividades usuais que são realizadas dentro da estrutura dos regulamentos”, disse o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI), Mohammad Eslami, citado pela agência oficial Irna.

ONU nomeia nova coordenação de ajuda humanitária

Quase três meses após o início da guerra, desencadeada por um ataque sangrento a Israel pelo movimento islâmico palestino em 7 de outubro, as Nações Unidas anunciaram, na noite de terça-feira, a nomeação da holandesa Sigrid Kaag como coordenadora de ajuda humanitária e reconstrução em Gaza.

Essa nomeação ocorre cinco dias após a adoção de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede a entrega de ajuda humanitária em “larga escala” à estreita faixa de terra onde quase dois milhões de pessoas, ou 85% da população, foram deslocadas.

Apesar da resolução, não houve nenhum progresso significativo na entrada de ajuda humanitária nos últimos dias, e as negociações sobre uma trégua parecem ter sido interrompidas.

Não há previsão de trégua nos combates
Testemunhas relataram ataques e combates terrestres em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, bem como bombardeios intensos nos campos de refugiados de Al-Maghazi e Al-Boureij, no centro.

No norte do território palestino, violentos confrontos eclodiram ao amanhecer no distrito de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza, e na cidade de Jabalia.

Israel prometeu destruir o Hamas após o ataque de comandos infiltrados em Gaza, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, de acordo com dados oficiais israelenses. Cerca de 250 pessoas foram sequestradas, de acordo com Israel, 129 das quais ainda estão presas em Gaza.

Além disso, 164 soldados israelenses foram mortos desde o início da ofensiva terrestre em 27 de outubro, de acordo com os últimos números do exército.

Nas operações militares de retaliação israelense em Gaza, 20.915 pessoas, a maioria civis, foram mortas e 54.918 ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, uma organização classificada como terrorista pelos Estados Unidos, Israel e a União Europeia.

Na terça-feira (26), os corpos dos palestinos entregues por Israel foram transportados em um caminhão para uma vala comum em Rafah, no sul, onde foram enterrados, de acordo com um jornalista da AFP que estava no local.

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