Mundo
As pautas do novo telefonema entre Lula e Putin, segundo o governo
De acordo com o Planalto, iniciativa da ligação partiu do presidente russo


O presidente brasileiro Lula (PT) e presidente russo Vladimir Putin conversaram, por telefone, nesta quarta-feira 18. A informação foi divulgada, em nota, pelo Palácio do Planalto.
Segundo o comunicado, a ligação partiu do chefe da Rússia, que tinha como objetivo inicial transmitir solidariedade ao Brasil diante da destruição causada pelas queimadas que se espalham no País.
Lula e Putin aproveitaram a conversa para alinhar os temas que serão debatidos na cúpula dos Brics, marcada para os dias 22, 23 e 24 de outubro, em Kazan, na Rússia.
O grupo, inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora inclui também Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Há a intenção de se discutir, nesse novo encontro, uma nova expansão do bloco. Esse, aliás, deve ser uma das principais pautas de discussão no encontro, que analisará pedidos de adesão feitos por países como Venezuela, Turquia e Bolívia.
A Rússia pretende, também, reunir uma série de outros países parceiros dos Brics para discussões paralelas ao encontro oficial em Kazan. Do evento, devem sair posicionamentos sobre o financiamento de países ricos aos programas globais de enfrentamento a mudanças climáticas, parcerias econômicas, além de novas discussões sobre as guerras na Rússia e no Oriente Médio.
A guerra na Rússia, inclusive, foi tratada no novo telefonema entre Putin e Lula nesta quarta:
“Falaram sobre a proposta de paz do Brasil e da China para o conflito entre Rússia e Ucrânia”, descreveu o Planalto, sem fornecer mais detalhes sobre a discussão.
A proposta em questão foi apresentada em maio deste ano por Celso Amorim, chefe da Assessoria-Especial do Presidente da República do Brasil, que esteve em Pequim para assinar os termos do documento.
As duas partes apelam a todos os atores relevantes a observarem três princípios para a desescalada da situação, a saber: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte.
O texto defende ainda que todos os atores relevantes devem “criar condições para a retomada do diálogo direto e promover a desescalada da situação até que se alcance um cessar-fogo abrangente”.
A proposta ainda reforça a rejeição ao uso de armas de destruição em massa, em particular armas nucleares, químicas e biológicas.
Os termos apresentados ainda não encontraram consenso entre os envolvidos na guerra. Putin, porém, tem apontado o Brasil como um bom mediador para o cessar-fogo. O País, no entanto, encontra fortes resistências do lado ucraniano, onde Volodymyr Zelensky acusa Lula de ser partidário da causa russa.
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