Mundo
Argentina terá greve geral nesta quarta contra arrocho imposto por Milei
Organizações internacionais também convocaram atos em prol dos argentinos em Montevidéu, Madrid, Londres, Paris e Berlim
O presidente ultradireitista Javier Milei enfrentará nesta quarta-feira 24 uma greve geral convocada pela maior central sindical da Argentina.
A Confederação Geral do Trabalho rejeita principalmente as alterações por decreto no regime trabalhista promovidas por Milei. As medidas limitam o direito à greve e afetam o financiamento dos sindicatos.
“Nenhum sindicato está em posição de ceder nem um centímetro do que foi conquistado”, afirmou Facundo Moyano, vice-secretário-geral da CGT, que também rejeita uma lei de corte de gastos e desregulamentação da economia discutida no Congresso.
A Confederação de Trabalhadores Argentinos, segunda maior central sindical, também aderiu à mobilização, assim como as Mães e as Avós da Praça de Maio.
Organizações internacionais convocaram atos em prol dos manifestantes argentinos em Montevidéu, Madrid, Londres, Paris e Berlim, entre outras cidades.
Primeiro desafio
Esta será a primeira manifestação de alcance nacional contra o governo e suas medidas de arrocho.
A desvalorização do peso argentino em 50% e a liberação dos preços dos combustíveis, entre outras decisões, reduziram drasticamente o poder aquisitivo de assalariados e aposentados. Ainda assim, pesquisas mostram que o presidente mantém uma imagem positiva entre 47% e 55% dos entrevistados.
A greve terá início às 12h, com uma passeata da sede da CGT até o Congresso. “A paralisação irá mostrar que existem duas Argentinas: uma que quer ficar atrasada, no passado, na decadência”, alegou Milei.
O governo afirma que descontará o dia parado do salário de funcionários públicos que se juntarem à greve.
Também criou uma linha telefônica gratuita e anônima para “aqueles que se sentirem extorquidos, ameaçados ou obrigados a parar” por sindicatos. Um em cada quatro trabalhadores é sindicalizado no país.
Serviços essenciais
O Decreto de Necessidade e Urgência, de 366 artigos, editado por Milei logo depois da posse, impõe mudanças significativas na legislação trabalhista, especialmente em relação ao exercício do direito de greve.
O ultradireitista exige uma cobertura mínima de 75% em serviços essenciais, como educação, transporte e alimentação, entre outros, e impulsiona demissões de grevistas por justa causa.
A CGT argumentou na Justiça haver inconstitucionalidade no capítulo trabalhista do decreto e obteve uma vitória, com a suspensão – ao menos provisória – desses efeitos. O governo recorreu da decisão e o caso foi encaminhado à Suprema Corte.
(Com informações da AFP)
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