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Arábia Saudita cobra responsabilização de Israel por violações em Gaza, após decisão de Haia

A CIJ determinou que o Estado de Israel adote medidas para prevenir atos de genocídio no enclave palestino

Arábia Saudita cobra responsabilização de Israel por violações em Gaza, após decisão de Haia
Arábia Saudita cobra responsabilização de Israel por violações em Gaza, após decisão de Haia
Registro da sessão em que a CIJ emitiu sua primeira decisão sobre acusação contra Israel, em 26 de janeiro de 2024. Foto: Remko de Waal/ANP/AFP
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A Arábia Saudita saudou nesta sexta-feira 26 a decisão da Corte Internacional de Justiça sobre a guerra em Gaza e instou a comunidade internacional a agir para que Israel “seja responsabilizado” por “violações” do direito internacional no enclave palestino.

Além disso, a chancelaria do reino saudita pediu em um comunicado “mais medidas” para alcançar um “cessar-fogo” em Gaza e oferecer “proteção ao povo palestino”.

A CIJ, com sede em Haia, na Holanda, determinou que Israel adote medidas para prevenir atos de genocídio em Gaza, em meio a sua incessante ofensiva contra o território desde o ataque do Hamas, em outubro do ano passado. Os juízes, contudo, não tocaram em pontos centrais da disputa.

A contraofensiva israelense já deixou mais de 26 mil mortos em Gaza, um enclave dilacerado em termos de infraestrutura e onde a população carece dos itens mais essenciais para sua sobrevivência.

O Tribunal de Haia se manifestou no âmbito de uma ação apresentada pela África do Sul no fim de dezembro. Em linhas gerais, o país acusa o Estado de Israel de infringir a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, assinada em 1948, após o Holocausto.

Um dos pedidos centrais do processo sul-africano era a suspensão imediata das operações militares israelenses em Gaza, mas a solicitação não foi acolhida pela Corte. A decisão, de 29 páginas, ordena que Israel “tome todas as medidas ao seu alcance para impedir a prática de todos os atos no âmbito do artigo II da Convenção”, mas não insta ao fim dos ataques.

“O Tribunal também é de opinião que Israel deve tomar todas as medidas ao seu alcance para evitar e punir o incitamento direto e público ao cometimento de genocídio em relação a membros do grupo palestino na Faixa de Gaza”, diz o documento.

O mérito da acusação – ou seja, de que Israel pratica atos de genocídio no enclave – não foi analisado na decisão. A rigor, essa discussão deve se estender por anos. A Corte Internacional tem o poder, porém, de expedir ordens liminares, o que ocorreu nesta sexta.

Israel deverá apresentar um relatório ao Tribunal em até um mês com todas as ações adotadas para cumprir as determinações. Esse documento será enviado à África do Sul, que poderá emitir suas observações.

A maior parte das demandas sul-africanas na ação foram acatadas por 15 votos a 2, inclusive aquela que ordena a aplicação de medidas “imediatas e eficazes” para permitir a prestação de serviços básicos e assistência humanitária em Gaza.

Embora a questão de fundo não tenha sido enfrentada pela Corte de Haia, o Hamas considerou avaliou a decisão desta sexta como um “avanço importante que contribui para isolar Israel e expor seus crimes em Gaza”. Já a Autoridade Palestina, com menos influência no enclave, classificou o despacho como uma demonstração de que “nenhum Estado está acima da lei”.

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, por sua vez, observou que “a acusação de genocídio apresentada contra Israel não é apenas falsa, é escandalosa”.

A ação contra Israel teve implicações também na diplomacia brasileira. Em 10 de janeiro, o Itamaraty informou que o presidente Lula (PT) apoia a iniciativa da África do Sul. Horas antes, o petista havia se reunido com o embaixador da Palestina no BrasilIbrahim Alzeben.

“À luz das flagrantes violações ao direito internacional humanitário, o presidente manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça para que determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio”, diz o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

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