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Após iniciativa da extrema-direita, presidente da Câmara dos EUA é destituído do cargo

Pela primeira vez em seus 234 anos de história, a Casa apoiou uma resolução para a vacância do cargo

O congressista Kevin McCarthy, dos Estados Unidos. Foto: Mandel Ngan/AFP
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O congressista republicano Kevin McCarthy foi destituído do cargo de presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos nesta terça-feira 3, em uma ação implacável dos legisladores republicanos de extrema-direita, insatisfeitos com sua cooperação com os democratas.

Pela primeira vez em seus 234 anos de história, a Casa apoiou uma resolução “para a vacância do cargo de presidente”, com uma votação de 216 contra 210.

O movimento prepara o terreno para uma disputa sem precedentes para substituir o speaker um ano antes da eleição presidencial.

O presidente Joe Biden expressou seu desejo de que a Câmara eleja rapidamente seu novo líder, “porque os desafios urgentes que nossa nação enfrenta não irão esperar”, segundo a secretária de imprensa Karine Jean-Pierre.

McCarthy, um ex-empresário de 58 anos, havia aborrecido os conservadores no último fim de semana, ao aprovar uma medida bipartidária, apoiada pela Casa Branca, para evitar a paralisação dos serviços federais.

O conservador da Flórida Matt Gaetz, que pressionou pelo voto de remoção de McCarthy, apostou que conseguiria depor o presidente da Câmara com o apoio de alguns poucos republicanos, ajudados pela relutância dos democratas em ajudar o presidente da Casa, que abriu recentemente uma investigação de impeachment altamente politizada contra Biden.

Os republicanos foram alertados por sua liderança de que poderiam mergulhar o partido “no caos”, mas Gaetz, que reclamou reiteradamente do fracasso de McCarthy em honrar os acordos feitos com a extrema-direita, replicou: “O caos é o presidente McCarthy. Caos é alguém em cuja palavra não podemos confiar.”

O presidente da Câmara dos Representantes é o segundo na linha de sucessão da Presidência americana. Assim como muitos congressistas, ele repreendeu Donald Trump após os distúrbios no Capitólio em 2021, mas logo recuou e viajou à Flórida para fazer as pazes com o magnata, garantindo um apoio crucial para suas ambições como presidente da Câmara.

Quando McCarthy conseguiu o que queria, enfrentou uma realidade desconfortável: seu controle do poder ficou à mercê dos republicanos linha-dura.

McCarthy teve uma briga em maio com Biden sobre o aumento do teto da dívida do país. Conseguiu um acordo de última hora para evitar o default e, embora tenha considerado uma vitória dos conservadores, precisou enfrentar os republicanos linha-dura, que o criticaram por ter feito muitas concessões em matéria de gastos públicos.

O compromisso limitado de McCarthy com os democratas voltou a irritar a extrema-direita na semana passada, quando ele usou os votos do partido rival para evitar a paralisação do governo. Liderando as críticas estava o congressista Matt Gaetz, um adversário antigo.

Brigas internas

Como exemplo das divergências entre os republicanos, os representantes conservadores se revezaram no plenário para defender e criticar McCarthy, uma demonstração pública das brigas internas que provocou a reação de Trump.

“Por que os republicanos passam o tempo todo discutindo entre si? Por que não lutam contra os democratas radicais de esquerda que destroem o nosso país?”, questionou o magnata em sua plataforma, a Truth Social.

O embate acontece dois dias depois de a Câmara dos Representantes e o Senado terem aprovado, por maioria bipartidária em ambos os casos, uma medida para evitar um custoso “shutdown” do governo, ao prolongarem o financiamento federal até meados de novembro.

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