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Ações e peso despencam após revés eleitoral de Milei na Argentina

O partido do atual presidente foi derrotado pelo peronismo na província de Buenos Aires

Ações e peso despencam após revés eleitoral de Milei na Argentina
Ações e peso despencam após revés eleitoral de Milei na Argentina
O partido de Milei foi derrotado na província de Buenos Aires, na Argentina. Foto: Luis ROBAYO / AFP
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Os mercados financeiros reagiram nesta segunda-feira 8 com fortes quedas à derrota do partido do presidente argentino, Javier Milei, nas legislativas da província de Buenos Aires, a mais populosa do país, onde os candidatos da oposição peronista venceram com folga.

O partido A Liberdade Avança, liderado pelo mandatário ultraliberal, obteve 33% dos votos, quase 14 pontos atrás do peronismo agrupado na Força Pátria, que venceu com 47%.

O duro revés causou uma queda vertiginosa das ações argentinas que são negociadas em Wall Street, com perdas de quase 20%, enquanto a Bolsa de Buenos Aires registrou perdas superiores a 12% na abertura.

No mercado cambial, o peso argentino despencou frente ao dólar e foi cotado no limite superior da faixa de flutuação estabelecida pelo governo, em meio à alta volatilidade e à desconfiança dos investidores.

O peso desvalorizou-se 5%, para 1.460 pesos por dólar em relação ao fechamento de sexta-feira, e o risco-país calculado pelo banco JP Morgan superou os 1.100 pontos-base.

O governo já havia sido forçado, na semana passada, a intervir no mercado cambial com fundos do Tesouro para conter a desvalorização do peso, que foi acelerada em meio a um escândalo por supostos casos de corrupção envolvendo a irmã do presidente, Karina Milei.

A Argentina conquistou em abril um acordo de 20 bilhões de dólares (107,6 bilhões de reais) com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cujos compromissos restringem sua intervenção no mercado cambial com reservas do Banco Central.

Milei, que governa em minoria no Congresso, enfrentará eleições legislativas nacionais de meio de mandato no dia 26 de outubro.

As eleições legislativas de domingo na província de Buenos Aires, governada pelo peronista Axel Kicillof e que representa quase 40% do eleitorado nacional, eram vistas como um teste crucial a caminho das eleições de outubro.

O controle da inflação, que foi reduzida em julho para 17,3% acumulada neste ano em comparação com 87% no mesmo período de 2024, é um dos principais eixos do governo de Milei, que assumiu em dezembro de 2023 com um plano de austeridade e forte ajuste fiscal.

Sigilo e preocupação

O mandatário liderou na manhã desta segunda-feira uma reunião de gabinete na sede presidencial Casa Rosada, cujos detalhes não foram divulgados até o momento.

Na noite de domingo, reafirmou o rumo econômico de seu governo, que fez cortes importantes nos orçamentos de saúde, educação, pensões por invalidez e aposentadorias, entre outros setores sensíveis, em busca do equilíbrio fiscal.

“Não recuaremos nem um milímetro na política do governo. O rumo não apenas está confirmado, mas também será aprofundado e acelerado”, declarou Milei após a divulgação dos resultados.

O chefe de gabinete Guillermo Francos afirmou, no entanto, nesta segunda-feira que “é hora de fazer autocríticas, analisar onde erramos e por que os resultados macroeconômicos não chegam à população”.

O ministro, o único a se manifestar publicamente nesta segunda-feira, admitiu que “há uma distância entre o que a população pensa e o que o governo propõe como política”.

“Estamos convencidos de que o equilíbrio fiscal é a base do crescimento econômico, mas também é verdade que a transição da macroeconomia para a microeconomia é muito importante para uma população que espera resultados concretos”, declarou à Rádio Mitre.

O governo enfrenta seu pior momento desde dezembro de 2023, afetado pelas suspeitas de corrupção envolvendo a irmã do presidente.

Além disso, o Congresso reverteu na semana passada um veto presidencial a uma lei que concedia mais fundos de assistência à deficiência e ainda precisa analisar se reverte outros dois vetos presidenciais a leis que fortalecem o financiamento universitário e do hospital pediátrico Garrahan.

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