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A Sicília elege primeiro governador gay

O resultado na ilha inquieta: no futuro quadro político da Bota poderia ser povoado por parlamentares populistas

Marcello Paternostro/AFP
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O voto no domingo, 29, na Sicília é significativo – e muito. Por pelo menos dois motivos. Primeiro, os grandes vencedores são Rosario Crocetta, o candidato de centro-esquerda, assumidamente homossexual, que havia prometido, no caso de vitória ao Conselho Regional da Sicília, a renunciar ao sexo.

Com mais de 30% dos votos, Crocetta, católico praticante, agora deverá cumprir sua promessa. Será? Já o candidato do Movimento 5 Stelle, do populista Beppe Grillo, que atravessou a nado o canal do estreito de Messina para mostrar os elos entre a Bota e a sua mais bela ilha, obteve 18% dos votos.

Um elo entre Crocetta, o partido de Grillo e outras legendas terá de ser forjado para que haja uma maioria no Parlamento na ilha de 5 milhões de habitantes.

O mais notável nesse resultado foi a derrota do Partido das Liberdades (PDL) do sucessor do ex-premier Silvio Berlusconi, Angelino Alfano, um advogado siciliano. (É verdade que a reputação de Alfano foi prejudicada quando, no fim de semana, Berlusconi anunciou que voltaria à política). Vale ressaltar: há muito tempo a Sicília era bastião da direita.

Também é importante frisar o abstencionismo, de 47%, abaixo dos 67% que foram às urnas em eleições em 2008. Como escreve Ilvo Diamanti, do diário italiano La Repubblica, esse abstencionismo é resultado de uma “crise da democracia”. Existe, continua o editorialista, uma “patologia” contra os partidos políticos tradicionais. Em suma, ao não votar os sicilianos apoiaram as agremiações não tradicionais.

Dito de outra forma, o escrutínio siciliano confirma o protesto contra as dita legendas “corrompidas no poder”. Trata-se, em outras palavras, de uma eleição – ao eleger políticos e legendas marginais e devido ao seu absenteísmo – de puro protesto.

Para as eleições gerais de abril, é claro, o resultado na Sicília é preocupante. Além de o futuro quadro político ser indecifrável, seria ingovernável um novo Parlamento com gente com populistas Beppe Grillo.

De positivo no pleito siciliano, contudo, é a vitória de Crocetta. O político representa a coalizão entre o Partido Democrático e partido cristão, UDC. Ex-prefeito de Gela, Crocetta convenceu empresários locais a não mais pagar o pizzo (proteção) para a máfia. Ele lidou com todas as ameaças da máfia para liquidá-lo, e gosta de repetir que numerosos mafiosos são, como ele, homossexuais.

O voto no domingo, 29, na Sicília é significativo – e muito. Por pelo menos dois motivos. Primeiro, os grandes vencedores são Rosario Crocetta, o candidato de centro-esquerda, assumidamente homossexual, que havia prometido, no caso de vitória ao Conselho Regional da Sicília, a renunciar ao sexo.

Com mais de 30% dos votos, Crocetta, católico praticante, agora deverá cumprir sua promessa. Será? Já o candidato do Movimento 5 Stelle, do populista Beppe Grillo, que atravessou a nado o canal do estreito de Messina para mostrar os elos entre a Bota e a sua mais bela ilha, obteve 18% dos votos.

Um elo entre Crocetta, o partido de Grillo e outras legendas terá de ser forjado para que haja uma maioria no Parlamento na ilha de 5 milhões de habitantes.

O mais notável nesse resultado foi a derrota do Partido das Liberdades (PDL) do sucessor do ex-premier Silvio Berlusconi, Angelino Alfano, um advogado siciliano. (É verdade que a reputação de Alfano foi prejudicada quando, no fim de semana, Berlusconi anunciou que voltaria à política). Vale ressaltar: há muito tempo a Sicília era bastião da direita.

Também é importante frisar o abstencionismo, de 47%, abaixo dos 67% que foram às urnas em eleições em 2008. Como escreve Ilvo Diamanti, do diário italiano La Repubblica, esse abstencionismo é resultado de uma “crise da democracia”. Existe, continua o editorialista, uma “patologia” contra os partidos políticos tradicionais. Em suma, ao não votar os sicilianos apoiaram as agremiações não tradicionais.

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