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A explicação do governo brasileiro para não chamar o Hamas de grupo terrorista
Gestão Lula tem sido pressionada por parlamentares da direita para adotar a classificação de forma oficial


O Ministério das Relações Exteriores, em nota publicada nesta quinta-feira 12, explicou oficialmente a motivação do governo Lula não adotar a classificação de grupo terrorista ao se referir ao Hamas. Segundo destacou a pasta, a postura segue uma classificação oficial da ONU, que não coloca o grupo islâmico na lista de organizações terroristas mundiais.
“No tocante à qualificação de entidades como terroristas, o Brasil aplica as determinações feitas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão encarregado de velar pela paz e pela segurança internacionais, nos termos do Artigo 24 da Carta da ONU”, explica o MRE no comunicado.
A mensagem foi publicada pelo Ministério após a atual gestão ser fortemente pressionada a classificar o Hamas como grupo terrorista. Integrantes da oposição na Câmara dos Deputados chegaram a protocolar um pedido para que o governo adotasse o termo ao se referir à organização. A solicitação foi assinada por mais de 60 deputados.
Outras entidades também tem feito essa pressão diante da escalada da violência na região, iniciada por um ataque em larga escala do Hamas a Israel no último sábado. Desde então, o presidente brasileiro e seus aliados adotaram uma postura de condenação a todo ato de violência na região, seja ele do Hamas ou de Israel, que já lançou mais de 6 mil bombas em Gaza como resposta ao ataque de sábado.
Na mensagem mais recente de Lula sobre o conflito, o brasileiro chegou a usar o termo terrorista, mas não para se dirigir ao Hamas. O presidente optou por dizer que os atos praticados na região eram terroristas, sem estender a classificação ao grupo. A nota divulgada pelo Itamaraty reforça a posição.
“Em aplicação dos princípios das relações internacionais previstos no Artigo 4º da Constituição, o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas e manifestações”, diz o início da explicação oficial do Ministério.
O conflito, até aqui, já deixou pelo menos 1.500 palestinos e cerca de 1,3 mil israelenses mortos. Lula tem solicitado que um corredor humanitário seja aberto. O pedido ainda não foi atendido. Israel optou, nesta quinta, por dar um ultimato aos palestinos e pedir a retirada de 1 milhão de pessoas em 24h da região. Hamas e ONU rejeitaram a proposta e a indicação é de que o ultimato fará a violência aumentar consideravelmente na Faixa de Gaza, que vive um certo total, que deixa a população sem água, luz e alimentos. O cerco é liderado por Israel.
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