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A China compensará as sanções ocidentais à Rússia?

Pequim é uma força essencial na busca de uma solução para a guerra

Xi Jinping e Joe Biden Fotos: GREG BAKER e Nicholas Kamm / AFP
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, Na quinta-feira 24, enquanto os Estados Unidos, a Inglaterra e a Europa anunciavam novas e mais duras sanções econômicas contra a Rússia, a China suspendeu as restrições à importação do trigo russo, responsável por cerca de um quarto da oferta global. O fim dos embargos havia sido definido na declaração conjunta de Xi Jinping e Vladimir Putin divulgada no início de fevereiro, mas sua antecipação soou como um apoio de Pequim ao aliado. Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália, descreveu a medida como “simplesmente inaceitável” e afirmou que os chineses lançaram um “salva-vidas” a Putin.

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying alinhou-se a Moscou e definiu como “operação militar especial” e não como invasão o avanço das tropas russas na Ucrânia. Chunying acusou os EUA de “alimentar a chama da crise”, mas conclamou que russos e ucranianos “voltassem ao diálogo e à negociação”.

A China também assinou um contrato de 30 anos de fornecimento de gás e petróleo russos, o que, no médio prazo, tende a diminuir a dependência de Moscou do mercado europeu. Essa mudança é mais delicada. A Rússia, que fornece quase 50% do gás consumido na Europa ocidental, terá de refazer a infraestrutura para atender a demanda chinesa. Uma das sanções impostas pelo Ocidente foi a suspensão do gasoduto Nord Stream 2 em parceria com a Alemanha.

Em artigo no site The Conversation, Stefan Wolff, professor de Segurança Internacional da Universidade de Birmingham, defendeu a tese de que o Ocidente precisa incluir a China nas negociações para superar a crise. “Ambos os lados”, escreveu, “compartilham o interesse pela estabilidade na região onde a China faz investimentos significativos por meio da Iniciativa do Cinturão e da Nova Rota da Seda”. Wolff não acha inevitável, como acredita o premier australiano, que Pequim lance uma boia salva-vidas e garanta a estabilidade econômica de Moscou enquanto durar a invasão e as tensões com o resto do mundo. A Ucrânia é o celeiro da Europa e tem na China seu maior parceiro comercial: um pouco mais de 14% das suas exportações de grãos e commodities são destinados ao “império do meio”.

Depois da invasão, os Estados Unidos e aliados decidiram bloquear os ativos de quatro grandes bancos russos, impor o controle das exportações e punir oligarcas ligados ao Kremlin. O sistema financeiro da Rússia será excluído do sistema de pagamentos Swift. Sediado na Bélgica, o programa de mensagens conecta mais de 11 mil instituições financeiras em 200 países e territórios no planeta. O Reino Unido, a Europa, os EUA, o Japão e a Coreia do Sul também suspenderam a venda a Moscou de produtos de alta tecnologia, incluídos semicondutores. Na quinta-feira, a Bolsa de Valores de Moscou registrou queda de 33,2%.

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