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Em evento de CartaCapital, convidados debatem crise e impeachment

Luiz Gonzaga Belluzzo, Delfim Netto e Luiza Trajano clamam pelo fim da instabilidade política em nome de um processo sólido de recuperação econômica

Luiz Gonzaga Belluzzo, Luiza Trajano e Delfim Netto durante debate mediado por Sérgio Lirio
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Em debate promovido por CartaCapital durante o evento As Empresas Mais Admiradas no Brasil 2015, os economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto, ao lado da empresária Luiza Trajano, clamaram pelo fim da instabilidade política para dar início a um processo sólido de recuperação econômica e rechaçaram qualquer tentativa de impeachment sem elementos que apontem crime de responsabilidade de Dilma Rousseff.

 “A maior perda que podemos ter neste momento é um retrocesso no processo democrático”, disse Belluzzo, complementado por Delfim, no encontro mediado pelo redator-chefe de CartaCapital Sergio Lirio. 

“Se houvesse desvio de conduta, não haveria problema com o impeachment. Mas, na forma que está sendo levantada a hipótese, não há justificativa. Isto é uma tapetão inventado. O Brasil não é uma pastelaria.”

Luiza Trajano também posicionou-se contra o afastamento da presidenta. “A eleição terminou no ano passado e parece que este ano começou um novo ano eleitoral. Vamos parar de pensar no poder e pensar num projeto para o Brasil.”

A dona da rede de lojas de varejo Magazine Luiza lembrou as diversas crises pelas quais o País passou desde 1995, entre elas o apagão de 2001, e convidou os colegas a assumir seu papel na recondução do País a uma trajetória de crescimento. “O Brasil é um país maravilhoso, nunca tivemos guerra, está pronto para a integração digital e a inovação. Mas os empresários têm de assumir o protagonismo.”

Netto lembrou ter testemunhado diversas crises nos últimos 60 anos (“fui até responsável por algumas”, brincou) e disse acreditar que o País não perdeu o rumo. “Escolhemos um caminho bom para o Brasil. A Constituição tem seus defeitos, mas propõe uma sociedade equilibrada, razoavelmente igualitária, com oportunidades para todos. A Justiça deve ser dada no ponto de partida, e não no ponto de chegada.”

Belluzzo mostrou sua preocupação com a opinião de alguns colegas de que a ampliação dos direitos sociais e econômicos deve ser suspensa. Mas lembrou a necessidade de sua continuidade estar amparada na administração racional dos gastos públicos. “Os desequilíbrios da estrutura tributária brasileira vem desde 1965. Precisamos de uma outra reforma que transforme o sistema de forma racional e justa.”

Os economistas fizeram ainda críticas ao desequilíbrio entre a política monetária e fiscal. “O governo diz que só vai alcançar a meta em 2017. Mas eles podem falar em 2018, 2019. Com esse descompasso, a situação fica insustentável.”

Para Delfim, Dilma precisa assumir seu protagonismo. “Não há como corrigir esse desequilíbrio sem voltar a crescer. Não há como ter equilíbrio fiscal sem a volta da esperança no crescimento.”

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