Justiça
Tribunal do Júri inicia julgamento de bolsonarista que matou tesoureiro do PT no Paraná; entenda o processo
Marcelo Arruda comemorava seu aniversário com o tema Lula quando foi morto a tiros pelo policial penal Jorge Guaranho


Começa nesta quinta-feira 4 o julgamento do ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, acusado de matar o guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, em julho de 2022.
O crime será julgado pelo Tribunal do Júri, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, a partir das 8h30.
O caso foi classificado como um dos mais emblemáticos episódios de violência política durante a disputa presidencial de 2022, entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso porque, Arruda foi morto durante a própria festa de aniversário de 50 anos, que tinha o presidente Lula como temática principal. O crime aconteceu em 9 de julho.
Na ocasião, Guaranho viu a festa pelas câmeras de segurança do clube, incomodado com a temática, invadiu o local aos gritos de ‘É Bolsonaro’, discutiu com os presentes e, depois, retornou atirando contra o aniversariante.
O guarda municipal Marcelo Arruda foi morto com dois tiros à queima roupa, enquanto comemorava seus 50 anos.
Foto: Reprodução Facebook
O autor dos disparos segue preso desde então, no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
A expectativa das partes envolvidas é de que o júri dure até três dias.
A culpabilidade do ex-policial penal será determinada pelo conselho de sentença, composto por 7 pessoas sorteadas no primeiro dia do julgamento.
Em dezembro, a Justiça recebeu a denúncia contra Guaranho por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e por causar perigo comum. O Ministério Público aponta que a motivação do crime foi política.
Na decisão que acolheu a denúncia, o magistrado ressaltou que a provável motivação do crime indica uma “personalidade conflituosa, beligerante e intolerante” de Guaranho.
“A multiplicidade de disparos em local de confraternização pode indicar audácia do agente e desconsideração com a vida de vítimas secundárias, a demonstrar particular desprezo com o bem vida”, escreveu o juiz naquela ocasião.
Durante o julgamento, a defesa do ex-policial penal deverá argumentar pela absolvição do réu, alegando que Guaranho “foi vítima da situação ocasionada pelo descontrole da vítima que o agrediu violentamente após troca de ofensas verbais”.
Os advogados ainda tentarão descolar a motivação política do crime, em uma tentativa de desqualificar o homicídio, reduzindo, assim, a pena imposta.
A pena para os crimes apontados até aqui pode variar de 12 a 30 anos de prisão.
O bolsonarista foi, recentemente, demitido do cargo público que ocupava na época do crime. A exoneração aconteceu no último dia 19 e foi assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O ministro entendeu que Guaranho cometeu três infrações ao se envolver no episódio, são elas:
- Uso de recurso material da repartição em atividade particular;
- Prática de ato de improbidade administrativa; e
- Incontinência pública.
Lewandowski apontou também que a conduta violenta e ofensiva à vida é incompatível com a moralidade administrativa. Além de afrontar gravemente os valores institucionais da atividade policial.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Entenda por que o TSE pode cassar o senador bolsonarista Jorge Seif nesta quinta
Por CartaCapital
PGR dá aval a inquérito contra Quaquá por tapa em deputado bolsonarista
Por Wendal Carmo
Embaixada da Hungria demite dois funcionários após vazamento de imagens de esconderijo de Bolsonaro
Por CartaCapital
Desembargadora que interrompeu julgamento de Moro já apareceu em foto com o ex-juiz
Por Wendal Carmo