Justiça
Trama golpista: Dino marca início do julgamento dos ‘kids pretos’ para novembro
Segundo denúncia da PGR, militares estiveram envolvidos na elaboração do plano Punhal Verde e Amarelo, que previa assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes


O ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, agendou o julgamento dos acusados de integrar o “núcleo 3” da tentativa de golpe de Estado para 11 de novembro. O magistrado também reservou os dias 12, 18 e 19 para o julgamento
O núcleo 3 é o grupo é composto por 10 réus que teriam executado “ações táticas” para a tentativa de golpe. Integram o grupo os “kids pretos”, militares que integram as Forças Especiais do Exército, além do agente da PF Wladimir Matos Soares, escalado para trabalhar na posse de Lula (PT) em 2023. Segundo a investigação, ele forneceu informações sobre o evento ao grupo golpista.
A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República aponta que esses militares estiveram envolvidos na elaboração do plano Punhal Verde e Amarelo, que previa assassinar o petista, seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.
Os réus também estiveram envolvidos em movimentações internas nas Forças Armadas e na elaboração da chamada “Carta ao Comandante do Exército”, documento no qual oficiais pressionaram por medidas de ruptura. Parte deles também teria atuado em esquemas logísticos de armas, munições e viaturas militares nos dias que antecederam os ataques de 8 de Janeiro.
Alexandre de Moraes, relator da ação, havia pedido na semana passada que o julgamento fosse marcado. Em despacho enviado a Dino, o ministro informou que todas as diligências solicitadas pelas defesas foram cumpridas.
Eles respondem pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Além do presidente e de Moraes, também integram a Primeira Turma do STF os ministros Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.
São réus nesse núcleo:
- tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior
- tenente-coronel Sérgio Cavaliere de Medeiros
- coronel Marcio Nunes de Resende Júnior
- coronel Fabrício Moreira de Bastos
- coronel Bernardo Romão Corrêa Netto
- Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal
- tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo
- tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira
- tenente-coronel Hélio Ferreira Lima
- general Estevam Gaspar de Oliveira
As defesas dos réus negam a participação na trama golpista. O julgamento do “núcleo 4”, por sua vez, está marcado para começar em 14 de outubro. Esse grupo foi responsável, segundo a PGR, por “operações estratégicas de desinformação”, e também é composto em sua maioria por militares. Ainda não há previsão de julgamento da ação que mira o “núcleo 2”, responsável por oferecer apoio jurídico, operacional e de inteligência ao golpe.
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