Justiça

Trabalhadores são resgatados em condição análoga à escravidão em carvoaria de Salvador

Segundo o MTE, os cinco chegavam a produzir mil sacos por dia e recebiam 16 centavos por saco

Foto: Cid Vaz/TV Bahia
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Na quinta-feira 2, a Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou cinco trabalhadores em regime de trabalho análogo ao de escravo em uma carvoaria no bairro de Cassange, em Salvador. 

Segundo o relatório preliminar do MTE, os trabalhadores ganhavam 16 centavos por saco produzido. De acordo com o órgão, os trabalhadores chegavam a trabalhar mais de doze horas, produzindo uma média de 1000 ensacamentos de carvão, cada.

“Isso obriga os trabalhadores a terem uma jornada alucinante para, ao final do dia, juntar um montante razoável. Além disso, era descontado desses trabalhadores transporte, café da manhã, almoço. A própria água fornecida no local tem resíduo de fuligem de carvão, como todo o ambiente”, afirmou Mário Diniz, auditor fiscal do MTE.

O resgate dos trabalhadores foi realizado durante uma ação de proteção ambiental, que investigava a presença de sacos de carvão sem o Documento de Origem Florestal (DOF). Segundo o MTE, os trabalhadores não usavam equipamentos de proteção individual e faziam as refeições no galpão onde era ensacado o carvão. As condições de higiene eram inadequadas.

“Eu faço, em média, por dia, mil embalagens. De segunda a quarta eu faço mil. Aí, porque eu fico cansado o resto da semana, de quinta a sexta eu faço 800. E sábado eu faço 500 até meio dia. Como a gente respira muito pó de carvão, o pó fica todo na garganta. Quando a gente catarra, escarra, só sai carvão”, disse um dos trabalhadores resgatados.

Segundo as denúncias recebidas pelo mTE, os trabalhadores não tinham registro de contrato de trabalho, nem receberam décimo terceiro salário ou gozaram férias. 

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