Justiça
STF já tem data para decidir se mantém anulação de atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht
A análise ocorrerá no sistema virtual da 2ª Turma da Corte


A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal definirá a partir de 30 de agosto se mantém ou reverte a decisão liminar do ministro Dias Toffoli de anular todos os atos da Lava Jato contra o executivo Marcelo Odebrecht. A determinação do magistrado vigora desde 21 de maio.
O colegiado analisará um recurso apresentado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra a ordem de Toffoli. O chefe do Ministério Público Federal solicitou a reversão da decisão ou, em último caso, o envio do agravo regimental ao plenário.
A votação ocorrerá no sistema virtual da Corte, sem a necessidade de sessões presenciais. Os ministros poderão depositar os votos até 6 de setembro. Compõem a 2ª Turma, além de Toffoli:
- Edson Fachin (presidente);
- Gilmar Mendes;
- Kassio Nunes Marques; e
- André Mendonça.
Apesar de anular os processos, Toffoli manteve o conteúdo da delação de Marcelo Odebrecht. “Ressalto que a declaração de nulidade dos atos praticados na 13ª Vara Federal de Curitiba não implica a nulidade do acordo de colaboração firmado pelo requerente —revisto nesta Suprema Corte—, que sequer é objeto da presente demanda.”
O ex-presidente da empreiteira foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pelo ex-juiz Sergio Moro, em 2016. Depois, firmou um acordo de delação que reduziu a pena para dez anos. A pena foi, ainda, cortada para sete anos, em 2022, por ordem do STF.
Toffoli considerou ter havido um conluio entre magistrados e procuradores que integraram a Lava Jato. Além disso, avaliou que eles “adotaram medidas arbitrárias na condução dos processos”.
Sustentou ainda que os fatos relatos pela defesa – pressão e ameaça a familiares – estariam “fartamente demonstrados nos diálogos obtidos por meio da Operação Spoofing“, atestando que Moro e membros da força-tarefa de Curitiba desrespeitaram o devido processo legal.
“O que poderia e deveria ter sido feito na forma da lei para combater a corrupção foi realizado de maneira clandestina e ilegal, equiparando-se órgão acusador aos réus na vala comum de condutas tipificadas como crime“, escreveu o relator.
Marcelo Odebrecht acionou o Supremo em março. A defesa solicitava a extensão de decisões proferidas por Toffoli no processo em que o magistrado tornou imprestáveis todas as provas oriundas dos acordos de leniência da Odebrecht.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Lula reabre fábrica da Petrobras no Paraná com críticas a Moro e à Lava Jato
Por CartaCapital
AGU faz novo pedido de prazo para concluir acordo com empreiteiras da Lava Jato
Por CartaCapital
STF confirma anulação de denúncia da Lava Jato contra empresário
Por CartaCapital