Justiça
‘Se eu soubesse, não aceitaria’: a irritação de Toffoli com vídeo exibido em sessão no STF
A advertência ocorreu no julgamento sobre a constitucionalidade das taxas de incêndio em três estados


O ministro Dias Toffoli repreendeu a procuradora do Rio de Janeiro Cristina Siqueira Dias durante um julgamento no Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira 20, devido à exibição de um vídeo com fortes imagens de um incêndio em 1986 na capital fluminense.
A advertência ocorreu no julgamento sobre a constitucionalidade das taxas de incêndio instituídas no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro e em Pernambuco. Ao fazer sua sustentação oral, a procuradora solicitou a transmissão do vídeo por considerar que ele ilustrava a importância da modernização da estrutura do Corpo de Bombeiros.
O material em questão era uma reportagem da TV Globo sobre o incêndio de grande proporções no Edifício Andorinha, no centro da capital. O fogo foi causado por um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado no nono andar do prédio, onde funcionava a empresa General Electric. A tragédia resultou em 21 mortes e deixou 50 feridos.
No vídeo, pessoas se atiram de janelas em meio ao desespero. Diante da forte carga emocional das cenas, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, mandou interromper a exibição.
Na sequência, Toffoli, relator das ações, manifestou desconforto com as imagens e destacou que não havia sido previamente informado sobre o conteúdo. “Se eu soubesse, não aceitaria”, declarou, lembrando que o jornalista Armando Nogueira, ex-diretor da TV Globo, se arrependeu de transmitir aquelas imagens à época.
Barroso citou que o advogado Eugênio Lyra Filho, seu colega, morreu na tragédia. Ele tinha um escritório no 12º andar do prédio e, apesar de ter conseguido fugir, retornou para ajudar duas funcionárias e não resistiu às queimaduras.
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