Parlamentares do PSOL entraram neste sábado 20 com uma ação no Ministério Público de São Paulo contra a Prefeitura de Sorocaba e seu prefeito, Rodrigo Manga (Republicanos). O motivo foi o município ter anunciado na última sexta-feira 19 o início do chamado “tratamento precoce contra a Covid-19”, utilizando remédios sem eficácia comprovada contra a doença.
A ação foi assinada pela deputada estadual Mônica Seixas, pela deputada federal Sâmia Bonfim, pelo advogado e ex-vereador da cidade, Raul Marcelo e pelo vereador Salatiel Hergesel (PDT).
Para os acusadores, a decisão da prefeitura de Sorocaba afronta a ciência, a posição cientifica de organismos internacionais de saúde e a sociedades médicas brasileiras, pois todos já anunciaram que os medicamentos não são eficazes contra os sintomas da Covid-19.
“Como é possível constatar, neste momento, não existe nenhum reconhecimento oficial da comunidade cientifica de qualquer substância farmacológica que possa ser eficaz no tratamento precoce contra a Covid-19”, diz a denúncia.
Eles lembram que a própria fabricante da Ivermectina, um dos remédios defendidos para o ‘tratamento precoce’, afirmou que o medicamento não é eficaz contra a doença.
“Há informações oficiais que o processo de cobertura vacinal contra a Covid em Sorocaba está em descompasso significativo. Sabe-se que a vacina é a única possibilidade com alta probabilidade de eficácia comprovada pela ciência contra a Covid-19, não havendo até o momento método farmacológico comprovado para tratar precocemente doentes de Covid-19”, dizem os parlamentares.
Estudos rigorosos feitos por todo o mundo comprovaram que medicamentos como Azitromicina, Ivermectina e também Hidroxicloroquina e Nitazoxanida são ineficazes e até prejudiciais quando administrados para quadros de Covid-19, sejam eles casos leves, moderados ou graves.
Diminuir a letalidade sem eficácia comprovada
A adoção ao ‘tratamento precoce’ foi publicado pela prefeitura da cidade na última sexta-feira 19. O comunicado autoriza os médicos a recomendarem a adoção do tratamento precoce contra a Covid-19.
Foram gastos R$ 57 000 na compra de dois medicamentos. O kit pode ser recolhido em qualquer uma das Unidades Básicas de Saúde do município com dispensário farmacêutico.
O Secretário da Saúde de Sorocaba, Vinicius Rodrigues, afirmou que o objetivo é “diminuir a letalidade e a complexidade dos casos de Covid-19″, mas não cita dados que comprovam a eficácia dos medicamentos.
O Sindicato de Médicos de Sorocaba e Região (Simesul) também criticou a medida.
Procurada, a Prefeitura de Sorocaba informou que o foco do município é a vacinação em massa, mas que deixou a opção de médicos receitarem os medicamentos do ‘tratamento precoce’.
Ö que a Prefeitura de Sorocaba fez foi dar a liberdade de escolha por se optar, ou não, por essa alternativa de tratamento a médicos e pacientes, em um momento tão crítico da pandemia em todo Brasil, quando cada tentativa e arma contra o vírus é válida”, disse em resposta à reportagem.
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