Justiça
Polícia indicia 3 pessoas por transfobia contra vereadora do PSOL em Natal
As investigações prosseguirão para apurar a conduta do presidente da Câmara local


A Polícia Civil do Rio Grande do Norte indiciou três pessoas por transfobia contra a vereadora Thabatta Pimenta (PSOL) em uma sessão da Câmara de Natal em maio deste ano. O relatório da corporação foi encaminhado ao Ministério Público nesta sexta-feira 17.
Agora, cabe ao MP-RN informar se oferece denúncia, solicita novas diligências ou pede o arquivamento do caso.
No dia da agressão, o Legislativo municipal analisava a proposta de conceder o título de cidadão natalense ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A honraria foi aprovada com 19 votos a favor, cinco contra e uma abstenção.
O crime foi cometido por pessoas que acompanhavam a sessão na galeria da Casa. No momento em que Thabatta discursava, duas mulheres e um homem afirmaram que a vereadora “não era mulher de verdade” e tinha “dois sexos”.
O trio foi enquadrado em discriminação e preconceito em razão de identidade de gênero. Em nota, a polícia explicou que depoimentos e vídeos analisados provaram que a vereadora do PSOL foi alvo de ofensas e insultos de cunho transfóbico.
“Os peritos confirmaram a correspondência de voz entre uma das investigadas e as falas ofensivas registradas em vídeo. Testemunhas ouvidas pela autoridade policial confirmaram que os ataques foram dirigidos especificamente à vereadora em razão de ela ser uma mulher trans, caracterizando preconceito e injúria em razão da identidade de gênero”, informou a corporação.
Apesar do indiciamento, a delegada do caso, Paoulla Maués, titular do Departamento de Crimes de Racismo, Intolerância e Discriminação, disse que as investigações prosseguirão para apurar a conduta do presidente da Câmara à época, Eriko Jácome (PP), que comandava a sessão plenária.
Na ocasião, Thabatta chegou a pedir que a guarda legislativa coibisse os agressores, mas o chefe da Casa nada fez.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

STF tem 2 votos para enterrar HC que tenta anular a investigação do golpe
Por CartaCapital
‘Cirandaia’, de Daniela Mercury, transforma a alegria em manifesto político
Por Augusto Diniz e Thais Reis Oliveira