Justiça

PGR pede ao STF uniformização de entendimento sobre vínculo entre motoristas e plataformas

Atualmente, diferentes instâncias do Judiciário possuem posicionamento diferente sobre o tema. Intenção é fazer com que o STF estabeleça uma repercussão geral no caso

PGR pede ao STF uniformização de entendimento sobre vínculo entre motoristas e plataformas
PGR pede ao STF uniformização de entendimento sobre vínculo entre motoristas e plataformas
Motoristas de aplicativos protestam em Brasília 2017 contra regulamentação que restringia operação das plataformas no Brasil. Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASILFoto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
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A Procuradoria-Geral da República solicitou, nesta quarta-feira 13, que o Supremo Tribunal Federal reconheça a repercussão geral de um recurso extraordinário que discute o vínculo empregatício entre motoristas e aplicativos. 

Na prática, a medida, caso aceita pela Corte, deverá uniformizar as decisões de todas as instâncias da Justiça sobre o tema. 

Na petição enviada ao STF, a PGR ressaltou que, somente nos últimos seis meses, foram ajuizados aproximadamente 17 mil processos na Justiça do Trabalho para reconhecimento de vínculo entre trabalhadores e plataformas. Além da discussão no Judiciário, o tema ainda é pauta do Legislativo e do Executivo. 

Segundo a procuradora-geral da República em exercício, Elizeta Maria de Paiva Ramos, o recurso poderá ser “um meio de oportunizar a ampla participação dos Poderes Legislativo e Executivo no debate e até mesmo viabilizar que seja suprida a atual omissão, com a regulamentação específica sobre a matéria”.

“Importante, assim, que o Supremo Tribunal Federal, em sede de precedente vinculante e erga omnes, examine o tema e uniformize a questão quanto à natureza jurídica da relação travada entre motorista de aplicativo de prestação de serviços de transporte e empresa criadora e administradora da plataforma digital e os direitos aplicáveis à espécie, à luz da Constituição Federal”, disse a PGR.

O pedido da PGR foi feito em um recurso apresentado no STF por um motorista da Uber que perdeu ação imposta contra a empresa em primeira instância, mas teve o vínculo empregatício reconhecido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região e pelo Tribunal Superior do Trabalho. 

Hoje, quatro turmas do TST são favoráveis ao reconhecimento do vínculo entre motoristas e plataformas. Outras três turmas, no entanto, têm posicionamento contrário ao vínculo. 

No início de dezembro, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, ao analisar caso semelhante, entendeu não haver vínculo empregatício entre motoristas e aplicativos de entrega.

A não uniformização das decisões sobre o tema causa insegurança jurídica, uma vez que cada órgão possui um posicionamento diferente sobre o tema, criando uma espécie de roleta da sorte para os querelantes. Caso a ação seja sorteada para um juízo favorável a tese, ganha o trabalhador, caso contrário, saem vitoriosas as plataformas. 

A repercussão geral do tema no STF visa reestabelecer a harmonia sobre o assunto no Judiciário. 

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