Justiça

Os argumentos de Moraes para autorizar a operação contra Zambelli e Delgatti

O ministro do STF determinou a prisão do hacker, a quebra de sigilos e a apreensão de diversos equipamentos

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quarta-feira 2, um mandado de prisão preventiva contra o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por acessar e divulgar mensagens trocadas entre integrantes da força-tarefa da Lava Jato. 

A corporação também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

A operação visa identificar os responsáveis por uma invasão ao sistema informatizado do Poder Judiciário. Durante a invasão, houve a inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. 

Outros 11 alvarás de soltura foram incluídos no sistema de forma fraudulenta, mas não chegaram a ser executados.

Entre as justificativas para a prisão de Delgatti, Moraes apontou que “não há como se afirmar que o mesmo não mais tenha acesso aos sistemas do CNJ e de diversos outros Tribunais Judiciários do Brasil”. 

Segundo a decisão, uma operação policial cumprida em 27 de junho identificou a participação de uma pessoa detentora de foro por prerrogativa de função na invasão ao sistema do Conselho. Trata-se de Zambelli, segundo depoimento prestado pelo hacker. 

De acordo com Delgatti, em setembro de 2022 a deputada teria se aproximado dele, pois desejava que invadisse as urnas eletrônicas ou qualquer sistema da Justiça, a fim de demonstrar uma suposta fragilidade tecnológica do Estado.

O hacker ainda admitiu que não obteve sucesso ao tentar invadir o sistema do Tribunal Superior Eleitoral, porque o código-fonte da urna eletrônica estaria hospedado em um computador sem conexão com a rede. 

Em seguida, Delgatti afirmou que a deputada teria lhe pedido para obter conversas comprometedoras de Alexandre de Moraes, caso não conseguisse invadir as urnas.

Após diversas pesquisas, o hacker identificou uma fragilidade no sistema do CNJ. Zambelli, então, teria produzido o texto utilizado no falso mandado de prisão contra o ministro e “vazado” a minuta e o comprovante do documento.

Delgatii sustentou ter recebido pagamento de 13,5 mil reais da parlamentar como contraprestação para ficar à disposição dela.

As transferências ocorreram por meio das contas de dois servidores. Um deles foi assessor da deputada, enquanto o outro trabalha na Assembleia Legislativa de São Paulo como assistente parlamentar do deputado estadual Bruno Zambelli. 

Diante dos indícios elencados pela Polícia Federal, Moraes determinou a prisão preventiva de Delgatti e a busca e a apreensão de armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, passaportes, além de quaisquer materiais relacionados aos fatos descritos.

Moraes ainda ordenou o afastamento do sigilo bancário de Zambelli e dos assessores parlamentares envolvidos no pagamento ao hacker. 

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