Justiça

Operação resgata mais de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves

A ação foi deflagrada após trabalhadores procurarem policiais e informarem que haviam fugido de alojamentos

Situação de escravidão: espaço onde ficavam trabalhadores em Bento Gonçalves. Foto: Divulgação/Polícia Rodoviária Federal
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Uma operação conjunta da Polícia Rodoviária Federal, do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal resgatou 206 trabalhadores em condições degradantes. Os trabalhadores foram contratados por uma empresa terceirizada para a colheita de uvas  na região de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

A ação foi deflagrada após três trabalhadores procurarem policiais rodoviários e informarem que haviam fugido de alojamentos, nos quais seriam mantidos em situação análoga à escravidão.

Eles relataram constantes atrasos no pagamento dos salários, uso de violência física por parte dos empregadores, longas jornadas de trabalho e alimentação imprópria.

Os resgatados ainda afirmaram ser coagidos a permanecer nos locais sob pena de pagamento de multa por quebra de contrato.

“Todos os dias, a gente amanhece com o pensamento de ir para casa. Mas não tem como a pessoa ir para casa porque eles prendem a gente de uma forma que ou a gente fica ou, se não quiser ficar, vai morrer. Se a gente quiser sair, quebrar o contrato, sai sem direito a nada, nem os dias trabalhados, sem passagem, sem nada. Então, a gente é forçado a ficar”, contou um dos trabalhadores à RBS TV.

Os trabalhadores eram recrutados nos estados de origem para trabalhar nas vinícolas. No entanto, foram surpreendidos pelas condições de trabalho na chegada ao local.

Pedro Augusto de Oliveira Santana, apontado como responsável pela empresa que contratava os funcionários, foi preso e liberado após o pagamento de fiança no valor de 40 mil reais. A empresa dele possuía contrato com diversos produtores da região, como as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.

Conforme o Ministério do Trabalho e do Emprego, as produtoras que se utilizaram de mão de obra análoga à escravidão poderão ter de pagar os direitos trabalhistas aos resgatados.

Em nota, a Vinícola Aurora disse que “se solidariza com os trabalhadores contratados pela empresa terceirizada e reforça que não compactua com qualquer espécie de atividade considerada, legalmente, como análoga à escravidão”. Afirmou ainda repassar à empresa terceirizada “um valor acima de R$ 6,5 mil/mês por trabalhador, acrescidos de eventuais horas extras prestadas”.

A Família Salton declarou “lamentar profundamente os acontecimentos recentes” e “repudiar qualquer ato de violação dos direitos humanos e trabalho sob condições precárias e análogas à escravidão”. Trata-se, segundo o texto, de “um fato isolado na trajetória centenária da empresa, mas um ponto de melhoria que será endereçado com toda a seriedade e respeito que a situação exige”.

CartaCapital procurou também a Cooperativa Garibaldi e atualizará esta matéria quando obtiver uma resposta.

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