Justiça

MPF denuncia Paulo Vieira de Souza por lavagem de dinheiro

Ex-diretor da Dersa é apontado como operador do PSDB

Ex-diretor da Dersa e apontado como operador do PSDB movimentou cerca de 20 milhões de reais em propinas. Foto: Reprodução TV Globo) Ex-diretor da Dersa e apontado como operador do PSDB movimentou cerca de 20 milhões de reais em propinas. Foto: Reprodução TV Globo)
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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal, nesta quinta-feira 3, Paulo Vieira de Souza e familiares por lavagem de dinheiro.

De acordo com o MPF, a família usava hotel no litoral de São Paulo para ocultar origem ilícita dos recursos obtidos por Souza em razão de sua atuação na estatal do governo paulista Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa).

“Usando diversos artifícios para ocultar a origem ilícita de milhões de reais, o ex-diretor da estatal Dersa envolveu, segundo apurado, a ex-mulher, Ruth Arana de Souza, e também, em parte dos atos, as duas filhas, Priscila Arana de Souza e Tatiana Arana Souza Cremoni, no esquema criminoso. O arranjo contou ainda com a participação dos operadores Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, além de Afrânio de Paula Barbosa, gerente do hotel de propriedade da família Souza em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo”, diz a nota do MPF.

Paulo Vieira é apontado como o operador do PSDB.

Segundo os investigadores, o ex-diretor participou ativamente da prática de crimes de peculato e de corrupção passiva e da formação de um cartel composto por várias construtoras.

Vieira teria comandado um esquema que desviou mais de 7 milhões de reais que deveriam ser utilizados para o pagamento de indenizações a moradores impactados por obras da estatal, dentre as quais as obras do Rodoanel Sul.

O MPF o acusa, ainda, de coordenar um cartel de construtoras em obras da Dersa e de receber propina de diversas empresas, em montantes que somam quase 20 milhões de reais .

Parte desses valores foram alvo de operações de lavagem transnacional realizadas via offshore, também já alvo de denúncia anterior da Lava Jato.

Lavagem de dinheiro

Em nota, o MPF informou que a lavagem de dinheiro ocorria em camadas variadas.

O eixo principal passava pela incorporação dos recursos ilícitos ao faturamento do hotel, por meio de depósitos em espécie amparados em hospedagens fictícias, inclusive indicando o próprio estabelecimento como hóspede. Ainda, recursos ilícitos oriundos de empresas de operadores – inclusive com lastro em falsos contratos de prestação de serviços de hospedagem – eram usados para inflar o caixa do hotel.

Nas camadas finais, o dinheiro voltava a ser utilizado por Paulo Vieira de Souza – ou seu núcleo familiar – por variadas formas, incluindo compra de veículo de luxo e custeio, pelo hotel, de despesas diversas da família. Além disso, parte desses valores passou a ser repassada à P3T com lastro em supostos pagamentos de aluguéis, tendo sido ainda transferidos à empresa bens obtidos por Paulo Vieira de Souza com produto de crime, como uma mansão no Guarujá que permaneceu sendo usada por ele.

Algumas operações de lavagem chegaram a ser feitas após o MPF/SP ter denunciado Vieira por crimes de peculato, cartel, corrupção e lavagem de dinheiro, demonstrando o empenho do ex-diretor da Dersa, com a adesão de seus familiares, para blindar o patrimônio obtido de forma ilegal.

“Denúncias como esta, que expõem um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, exigem grande esforço investigatório, a partir de um grande conjunto de dados e informações, o que muitas vezes só é possível com o trabalho simultâneo de vários procuradores, dedicados especialmente a casos complexos. É essencial que as instituições sejam dotadas de estruturas de trabalho que permitam que resultados assim sejam entregues à sociedade”, afirma a procuradora regional da República Janice Ascari, coordenadora da força-tarefa Lava Jato.

Leia a íntegra da denúncia.

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