Justiça
MP pede afastamento de Flordelis após explosão de bomba na casa de testemunha
Promotor alega dificuldade de localizar paradeiro da deputada e solicita monitoramento com tornozeleira eletrônica


O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu o afastamento da deputada federal Flordelis (PSD-RJ) de sua função pública como parlamentar, com aplicação de recolhimento domiciliar noturno e monitoramento por tornozeleira eletrônica, em documento assinado em 11 de setembro, pelo promotor Carlos Gustavo Coelho de Andrade.
O pedido foi encaminhado para a 3ª Vara Criminal da Comarca de Niterói, mas ainda não houve decisão judicial.
No documento, o promotor cita o depoimento de Regiane Ramos Cupti Rabello, que relatou à Justiça que sua casa sofreu um atentado com a explosão de uma bomba em seu quintal. Ela disse que, em 3 de setembro, por volta das 23h30, estava dormindo em sua residência quando ouviu um “enorme estrondo”, e um “forte clarão” entrou em sua casa.
Regiane é testemunha nos processos criminais relativos a Flordelis. Segundo ela, o atentado ocorreu após os advogados da deputada terem acesso às oitivas de Lucas dos Santos, filho da parlamentar acusado de envolvimento na morte de Anderson do Carmo. Ele, que também é réu, depôs no inquérito e disse que recebeu a proposta para cometer o crime.
Depois do atentado, disse que se sente insegura e com medo, “ainda mais diante da liberdade da ré”, que tem imunidade parlamentar.
O MP-RJ já havia pedido a aplicação de medidas contra Flordelis, em 24 de agosto, alegando dificuldade de localização do paradeiro da deputada. Mas a solicitação foi indeferida, porque considerou-se que a ré poderia ser encontrada facilmente.
Com os fatos novos, diz o promotor, tornam necessária a decretação das cautelares.
“Neste quadro de incerteza acerca do paradeiro da ré, que não estava sendo encontrada nem em Niterói nem em Brasília, verificou-se o atentado com explosivos contra Regiane, testemunha arrolada na denúncia, cuja autoria está sendo investigada pela Polícia”, sustenta o promotor.
O MP-RJ afirma ainda que a liberdade plena de Flordelis e a incerteza de seu paradeiro “causam severa intranquilidade não apenas na testemunha que diretamente sofreu o atentado, como também em todas as demais testemunhas e nos corréus, em especial, Lucas.”
A parlamentar é suspeita de ser a mandante do assassinato a tiros do marido, em 16 de junho de 2019.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.