Justiça
MP gaúcho pede que vereador seja condenado a pagar 300 mil reais por danos morais coletivos
‘Fantinel ofendeu a dignidade e o decoro dos brasileiros originários da região Nordeste’, destacou a procuradora na ação


O Ministério Público do Rio Grande do Sul entrou com ação civil pública contra o vereador Sandro Fantinel (sem partido) pela ofensas contra trabalhadores resgatados nas vinícolas gaúchas, durante um pronunciamento na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.
Na ação, a promotoria destaca que “Fantinel ofendeu a dignidade e o decoro dos brasileiros originários da região Nordeste do Brasil e, com mais contundência, do Estado da Bahia”.
Ao discursar sobre o resgate dos trabalhadores, o vereador disse que os baianos “vivem na praia, tocando tambor” e sugeriu que agricultores e empresas agrícolas contratassem trabalhadores argentinos, “que eram mais limpos” e não mais “aquela gente lá de cima”.
O órgão pede que o vereador seja condenado ao pagamento de 300 mil reais por indenização por danos morais coletivos. O montante deve ser destinado ao Fundo para Reconstituição dos Bens Lesados para projetos e campanhas contra o trabalho escravo.
A autora da ação, promotora de Justiça Adriana Karina Diesel Chesani explica que a ação se justifica devido “a gravidade do fato, a extensão do dano, a intencionalidade e a reprovabilidade extremas da conduta e a condição pessoal do réu, que é vereador de um município de grande porte”.
“Além de ferir a dignidade e o decoro da população nordestina (e mais contundentemente dos baianos), o vereador incitou a população à prática de discriminação, preconceito e discurso de ódio contra esses brasileiros”, escreve Chesani.
A ação do MP-RS une-se a outros dois processos conduzidos pelo Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Federal que, além da indenização, pedem a investigação do vereador.
Após ser expulso de seu partido, o Patriota, Fantinel já é investigado pela Polícia Civil e pelo próprio Ministério Público, além de enfrentar um processo de cassação.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.