MP aponta que “rachadinha” de Flávio Bolsonaro financiou prédios ilegais

Investigação corre em segredo de Justiça, mas documentos que comprovam a movimentação foram revelados pelo site The Intercept Brasil

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

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Investigação do Ministério Público (MP), revelada pelo site The Intercept Brasil neste sábado 25, aponta que o senador Flávio Bolsonaro usou parte do dinheiro arrecadado com a prática ilegal da “rachadinha” (confisco de parte do rendimento de servidores públicos) de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para financiar e lucrar com a construção de prédios ilegais nas comunidades da Muzema e Rio das Pedras, ambas em Jacarepaguá (zona norte carioca).

Promotores e investigadores envolvidos no caso, ouvidos sob condição de anonimato pela reportagem, afirmam ter chegado à essa conclusão após o cruzamento de informações bancárias de 86 pessoas suspeitas envolvidas no esquema, que irrigava o ramo imobiliário da milícia na região. Segundo eles, Flávio Bolsonaro recebia o lucro dos investimentos feitos nos prédios através de repasses feitos ao ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega (morto em fevereiro na Bahia) e ao ex-assessor Fabrício Queiroz.

De acordo com o Intercept, o então deputado estadual Flávio Bolsonaro pagava seus funcionários com a verba do gabinete na Alerj, mas parte destes vencimentos (cerca de 40%) era confiscada pelo então assessor Fabrício Queiroz, apontado no inquérito como articulador do esquema da “rachadinha”. Queiroz, então, repassava os valores à Adriano da Nóbrega, apontado como chefe da milícia Escritório do Crime, por meio de contas usadas por sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, e sua esposa, Danielle da Costa Nóbrega, ambas ocupantes de cargos comissionados no mesmo gabinete.

Apenas no período observado pelo MP, a mãe e a mulher de Adriano teriam movimentado pelo menos R$ 1,1 milhão, entre coletas de salários e repasses a empresas. Entre elas, três pequenas construtoras que, segundo a investigação, tem Adriano da Nóbrega, o tenente reformado Maurício da Silva Costa e o major Ronald Paulo Alves Pereira como sócios “ocultos”. Oficialmente, as empresas estão em nomes de moradores de Rio das Pedras, apontados como “laranjas” dos três ex-policiais, uma tentativa de dar legitimidade às atividades do Escritório do Crime.

De acordo com as investigações, o lucro com a construção e venda destes prédios ilegais seria dividido, também, com Flávio Bolsonaro, por ser “investidor” do esquema. A investigação ainda aponta que a evolução patrimonial do filho de Jair Bolsonaro saltou significativamente entre os anos de 2015 e 2017, quando adquiriu dois apartamentos na zona sul do Rio e a participação societária de uma loja de chocolates. Segundo a reportagem, a elevação patrimonial de Flávio coincidiria com o período em que a mãe e a mulher do ex-capitão do Bope estavam nomeadas em seu gabinete.


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