Justiça

Moraes suspende novamente julgamento sobre revista íntima em presídios

A maioria da Corte havia definido um prazo de dois anos para instalação de equipamentos de segurança nas unidades prisionais

Moraes suspende novamente julgamento sobre revista íntima em presídios
Moraes suspende novamente julgamento sobre revista íntima em presídios
Familiares esperam para entrar em presídio de Brasília
Apoie Siga-nos no

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pediu destaque em uma ação sobre revista íntima em presídios e suspendeu o julgamento no plenário virtual, nesta sexta-feira 18.

Antes do pedido, a Corte havia formado maioria para invalidar a legalidade da revista íntima vexatória e as provas obtidas a partir dessa prática.

Com o pedido de destaque, os votos são zerados e os ministros retomarão a análise assim que o presidente do STF pautar o tema no plenário físico. Apenas os votos dos ministros aposentados são mantidos – neste caso, o da ministra Rosa Weber, que defendeu a inconstitucionalidade de revistas que promovam desnudamento ou inspeção de cavidades corporais dos visitantes.

O julgamento, iniciado em 2016, estava suspenso desde maio devido a um pedido de vista do ministro Cristiano Zanin. Ao retomar a análise, o magistrado acompanhou com ressalvas o relator, Edson Fachin, e sugeriu que revistas superficiais, sem caráter vexatório, podem ocorrer até que novos equipamentos estejam disponíveis.

O procedimento de revista íntima em presídios exigia que familiares de detentos se agachassem sobre um espelho para verificação de objetos ocultos em partes íntimas. A medida foi considerada “vexatória e ilegal” por Fachin. Ele argumentou que a prática viola a dignidade humana e determinou a nulidade de provas obtidas por esse meio.

Também votaram pela ilegalidade das revistas íntimas os ministros Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Rosa Weber.

Por outro lado, os ministros Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli e André Mendonça defenderam que a revista íntima, em si, não seria ilegal, pois contribui para a segurança dos presídios. Eles sustentam que protocolos rigorosos poderiam evitar abusos, como a exigência de que a revista seja conduzida por agentes do mesmo gênero.

A decisão do STF, caso seja mantida no plenário físico, estipulará um prazo de 24 meses para que os governos adquiram e instalem equipamentos de segurança, como scanners corporais, esteiras de raio-x e portais detectores de metais, substituindo as revistas íntimas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo