Justiça
Leia decisão que mandou prender empresários suspeitos de integrar plano do PCC para matar promotor
Sérgio Luiz de Freitas Filho, o ‘Mijão’, apontado como um dos chefes da facção, segue foragido


Uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo, deflagrada nesta sexta-feira 29, levou à prisão de Maurício Silveira Zambaldi e José Ricardo Ramos, dois empresários suspeitos de participar de um plano para assassinar o promotor Amauri Silveira Filho.
De acordo com as investigações, eles atuam nos setores de comércio de veículos e transporte. Um deles seria associado ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, facção que articulava a execução do promotor para interromper investigações sobre tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa armada.
A emboscada contra Amauri Filho foi descoberta na quarta-feira 27. Os empresários teriam financiado a compra de veículos e armas e contratado operadores para montar um plano de captura, que também incluía a morte de um comandante da Polícia Militar. As apurações revelam que um dos principais articuladores do plano é Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como “Mijão”, apontado como um dos chefes do PCC.
O traficante também foi alvo de um mandado de prisão expedido pelo juiz Caio Ventosa Chaves, da 4ª Vara Criminal da Comarca de Campinas. Sérgio Luiz, no entanto, não foi encontrado — investigadores suspeitam de que ele esteja na Bolívia, de onde controlaria a operação de abastecimento de cocaína para a facção.
Há dois mandados de prisão contra “Mijão”, por tráfico de drogas e associação criminosa: um de 2020 e outro de 2023.
Além das duas prisões, agentes cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em Campinas. A investigação prossegue para identificar outros envolvidos na trama e capturar os foragidos. A operação desta sexta contou com o apoio do 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia da Polícia Militar de São Paulo.
Em nota, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, manifestou apoio a Amauri e afirmou que seu colega de MP-SP “seguirá firme na sua missão, defendendo de forma inflexível a ordem jurídica”. Ele ainda disse que uma pronta resposta “será dada por nossa instituição a qualquer um que desafiar o Estado Democrático de Direito, cuja marca é o império da lei”.
“O destemor é a marca dos promotores e procuradores do Ministério Público de São Paulo, que não recuarão sequer um centímetro no seu desiderato de cumprir as atribuições que lhe foram conferidas pela Constituição Federal”, conclui o comunicado à imprensa.
Leia a decisão:
pccApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.