Justiça
Kanye West deve ser preso se fizer discurso nazista em São Paulo, diz MP
Produtores de show na capital paulista também podem ser detidos
O rapper Kanye West deve ser preso caso promova, cante ou divulgue ao público brasileiro qualquer música que faça alusão ao nazismo. A recomendação consta de um inquérito civil instaurado pelo Ministério Público de São Paulo após o anúncio da vinda do artista norte-americano, em outubro. O rapper deve se apresentar em 29 de novembro na capital paulista.
A apuração tramita na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos. Um despacho enviado ao Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar pede que a corporação mantenha “um policial ou equipe de policiais de prontidão durante o show e com orientações especificas para prender o cantor em flagrante, conduzindo-o para a Delegacia de Polícia, juntamente com seus produtores, caso ele cante uma música ou faça qualquer apologia ao nazismo”.
“É sabido que o direito à liberdade de expressão não é absoluto”, escreveu a promotora Ana Beatriz Frontini.
Também podem ser alvos de uma eventual ordem de prisão os produtores do show. O MP-SP ainda adverte no inquérito que apologia ao nazismo na apresentação poderia resultar em uma ação civil pública por danos morais.
O show de Kanye West em São Paulo estava inicialmente marcado para ocorrer no Autódromo de Interlagos, mas a gestão de Ricardo Nunes (MDB) vetou a realização do evento devido a manifestações discriminatórias do rapper, que recentemente declarou, com orgulho, ser um homem “racista, nazista e gordofóbico”.
Neste ano, ele lançou uma música chamada Heil Hitler, posteriormente banida de plataformas de streaming. Boa parte das declarações do cantor vai de encontro à própria tradição do hip-hop, movimento que nasceu como voz de resistência negra e denúncia da opressão. A produtora responsável pelo show no Brasil diz já ter vendido cerca de 30 mil ingressos, mesmo sem local definido.
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