Justiça
Justiça obriga Santa Catarina a incluir cotas raciais em concurso público
O concurso, anunciado pelo governador Jorginho Mello (PL) como o maior certame da Educação de SC, oferece até 10 mil vagas


Uma decisão judicial obrigou o governo de Santa Catarina a incluir a reserva de 20% das vagas para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas no concurso público para seleção de candidatos para a rede estadual de educação.
A determinação veio após uma ação da Defensoria Pública de Santa Catarina. O concurso, anunciado pelo governador Jorginho Mello (PL) como o maior certame da Educação de SC, oferece até 10 mil vagas para professores e outros cargos.
A Procuradoria-Geral do Estado justificava a falta de cotas pela falta de lei estadual que obrigue o governo a fazer a reserva de vagas.
A juíza Cleny Rauen Vieira, que assinou a determinação na última semana, reforçou que em 2020, o estado de Santa Catarina firmou Termo de Adesão e passou a integrar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial-Sinapir.
“Por meio do qual assumiu formalmente o compromisso de descentralizar e tornar efetivas as políticas públicas de igualdade racial em favor da sua população”, explicou.
Ela também decidiu que o governo de Santa Catarina prestar atenção nesta questão em futuros editais.
“O Estado de Santa Catarina continua omisso quanto à efetivação da regulamentação da política de cotas raciais, medida essencial para a promoção da igualdade de oportunidades”, completou.
A correção do edital, com a inclusão das cotas, foi feita no último sábado 27. A Defensoria Pública de Santa disse que a PGE entrou com recurso.
“O Estado não tem assegurado a reserva de vagas para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas nos concursos públicos estaduais”, afirma a coordenadora do Núcleo Especializado de Cidadania, Igualdade, Diversidade, Direitos Humanos e Coletivos (NUCIDH), Ana Paula Berlatto Fão Fischer.
A defensora pública também ressalta que a população catarinense é composta de 19,2% de pessoas pardas (correspondente a 1.462.988 pessoas), 4,1% de pessoas pretas (correspondente a 309.908 pessoas), 0,3% de indígenas (19.294) e, ainda, por 4.449 quilombolas.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Santa Catarina proíbe parentes de levar comida e produtos de higiene para detentos
Por Marina Verenicz
Justiça de Santa Catarina manda casal vacinar as filhas em até 60 dias e fixa multa
Por CartaCapital