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Justiça de Goiás manda soltar prefeito que tentou matar ex-namorada com 15 tiros
Naçoitan Leite, ex-prefeito de Iporá, estava separado da vítima há dois meses, mas não aceitou o fim da relação


O juiz Wander Soares Fonseca, do Tribunal de Justiça de Goiás, mandou soltar nesta sexta-feira 16 o ex-prefeito de Iporá, Naçoitan Araújo Leite (sem partido), acusado de tentar assassinar a ex-namorada e seu companheiro com mais de 15 tiros. O crime aconteceu em novembro passado.
Naçoitan, contudo, está proibido de se aproximar ou manter contato com a ex-mulher e familiares dela. Ele também terá que usar tornozeleira eletrônica e se apresentar à Justiça com frequência. O alvará de soltura foi expedido por volta das 19h.
Com a soltura, são grandes as chances de que ele retome o comando da prefeitura de Iporá, no oeste goiano. Até aqui, a administração do município estava sob a batuta da vice-prefeita Maysa Cunha (PP).
O político estava separado da vítima há dois meses, mas não aceitou o fim da relação. Na madrugada do dia 18 de novembro, ele usou a própria caminhonete para quebrar o portão e invadir o imóvel, onde estavam a ex-companheira e seu atual namorado. Ambos conseguiram se trancar dentro de um quarto e evitar os disparos.
Naçoitan se entregou à polícia após quatro dias foragido. Em depoimento à Polícia, o mandatário disse ter misturado bebida alcoólica e remédios na noite anterior ao crime.
Em dezembro, o tribunal aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público e tornou o ex-prefeito réu por tentativa de homicídio e fraude processual – este crime foi tipificado porque, após a invasão à residência da ex-mulher, o político ainda tentou furtar imagens de câmeras de segurança que registraram o episódio.
“Ficamos satisfeitos que a Justiça prevaleceu, que o Judiciário reconheceu o que a defesa já dizia desde o início: não havia motivos para prisão preventiva”, afirmou o advogado do ex-prefeito, Pedro Paulo de Medeiros.
Bolsonarista, Naçoitan foi suspenso do União Brasil em novembro de 2022 após pedir a “eliminação” do presidente Lula (PT) e do ministro Alexandre de Moraes, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
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