Justiça
Justiça condena homem que matou eleitor de Lula a facadas em bar no Ceará
O crime ocorreu em 2022, dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais


O Tribunal do Júri do Ceará condenou Edmilson Freire da Silva a 12 anos e seis meses de prisão em regime fechado por matar a facadas um eleitor do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Cascavel, na Grande Fortaleza. O crime ocorreu em setembro de 2022, dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais.
A decisão foi proferida na segunda-feira 23 pela 1ª Vara da Comarca de Cascavel. Segundo testemunhas, Edmilson chegou a um bar na localidade de Guanacés e perguntou em voz alta quem votaria no candidato petista.
Antônio Carlos Silva de Lima, então, respondeu que votaria em Lula, dando início a uma acalorada discussão política. Testemunhas relataram que os nomes dos então candidatos à presidência – além de Lula, Jair Bolsonaro (PL) – foram mencionados repetidamente durante o confronto verbal.
Na discussão, Edmilson sacou uma faca e desferiu três golpes contra Antônio Carlos. Após o ataque, o agressor abandonou o local, enquanto os demais frequentadores acionaram o serviço médico de emergência. A vítima não resistiu aos ferimentos.
Edmilson foi condenado por homicídio qualificado por motivação torpe, especificamente relacionada às convicções políticas da vítima. Segundo o Ministério Público cearense, ele estava acompanhado da esposa e de um conhecido no momento do crime.
Segundo a sentença, “o motivo que levou o réu a ceifar a vida da vítima revela-se não apenas torpe, mas profundamente inquietante: intolerância à orientação política da vítima“.
“Não se trata aqui de mera divergência de ideias, o que é próprio da democracia; trata-se do repúdio violento e mortal à existência do outro enquanto sujeito de opinião e expressão. O crime foi cometido porque a vítima pensava diferente. Porque ousou exercer um direito constitucional – o de livre manifestação do pensamento – e, por isso, tornou-se alvo de ódio, intolerância e morte”, diz um trecho da sentença.
O agora condenado já tinha sido preso dois dias após o homicídio. Durante os procedimentos, os policiais constataram que ele já possuía histórico criminal por violência doméstica.
Ao longo do processo, Edmilson contestou que o ataque tivesse cunho político, alegando que a discussão começou por outros motivos e que Antônio Carlos teria tentado sufocá-lo.
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