Justiça
Hardt admite ao CNJ ‘possível erro’ no caso Tacla Duran
A declaração consta de um depoimento ao juiz Octávio Costa em maio de 2023


A juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sérgio Moro no comando da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), admitiu ao Conselho Nacional de Justiça que “pode ter errado” em um dos casos da Lava Jato.
A declaração consta de um depoimento ao juiz Octávio Costa, da Corregedoria Nacional de Justiça, em maio do ano passado. Um trecho da gravação foi revelado nesta quinta-feira 2 pelo colunista do jornal O Globo Lauro Jardim.
O caso ao qual Hardt se refere envolve o advogado Rodrigo Tacla Duran, que hoje vive na Espanha e foi apontado pelo Ministério Público Federal como operador financeiro da Odebrecht (atual Novonor).
Na oitiva ao CNJ, a juíza disse considerar ser “melhor para a Justiça” se ela não fosse a responsável pela ação sobre Duran, devido à “polêmica” gerada por seu nome.
Hardt relatou que os recorrentes questionamentos do advogado teriam deixado os servidores da 13ª Vara “cansados” e, em razão disso, pode ter errado por “excesso de trabalho”.
Em um desses episódios, Tacla Duran pediu que a magistrada se declarasse suspeita para julgá-lo porque, em outra ocasião, teria deixado de enviar à Justiça Federal de São Paulo um processo contra ele. A juíza negou a solicitação e depois a arquivou, mesmo após Eduardo Appio ter assumido o comando da 13ª Vara.
Questionada, Hardt afirmou ao CNJ ter agido dessa forma porque a suspeição se referia a ela.
“Não temo nada [em relação à inspeção na 13ª Vara], porque tenho convicção que posso ter errado até no caso do Tacla Duran (…). Mas, assim, se eu errei, não foi culposo. Foi por excesso de trabalho, por equívoco, e é isso”, disse a juíza. “Entendo que seria melhor para a Justiça se eu não estivesse nesses processos. Pela polêmica que causa o meu nome.”
No início de abril, o corregedor Luís Felipe Salomão determinou o afastamento temporário de Hardt da magistratura, sob alegação de irregularidades à frente da Lava Jato. A medida, contudo, foi derrubada pelo plenário do CNJ um dia depois.
Ainda assim, ela é alvo de um pedido de afastamento apresentado por Duran que ainda não foi analisado pelo Conselho.
Nesta quinta, o advogado acionou a 23ª Vara Federal Criminal, onde Hardt despacha, sobre um tópico administrativo em um caso que tramitava por lá e que agora está na Justiça Eleitoral.
Gabriela Hardt se declarou suspeita por motivo de foro íntimo e não decidirá a respeito do processo.
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