Justiça
Gilmar nega desconforto com decisão de Moraes que mandou prender Bolsonaro: ‘Tem nosso apoio’
O ex-presidente está preso na própria residência, em Brasília, mas pode ser levado a um presídio caso volte a descumprir restrições impostas pelo Supremo


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou, nesta quarta-feira 6, que não há desconforto entre os membros da Corte com a decisão de Alexandre de Moraes que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro (PL).
“Nenhum desconforto [entre os ministros]. O Alexandre de Moraes tem toda a nossa confiança e o nosso apoio”, declarou a jornalistas, em Brasília, antes de comparecer a evento organizado pela Esfera.
Ainda durante a conversa, Mendes defendeu uma reação pelas sanções impostas pelo governo americano ao ministro via Lei Magnitsky.
“Certamente, seria inadmissível que nós, nas nossas pretensões comerciais, aceitássemos mudanças de entendimento da Suprema Corte americana. Isso seria impensável. Da mesma forma, isso também se aplica ao Brasil”, avaliou.
“O que não é normal é a tentativa de fazer valer as tarifas para obter mudanças institucionais. Ou seja, afetar a soberania dos países. Isso é claramente repudiável e claramente não é aceito pelas nações maduras, como é o caso do Brasil. E as ações impostas ao ministro Moraes também deixam clara essa tentativa”, completou.
As sanções contra Moraes envolvem o bloqueio de bens que estejam nos EUA, como contas bancárias, investimentos financeiros e imóveis, por exemplo. Segundo o presidente Donald Trump, a sanção foi aplicada diante do tratamento do ministro no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nesta quarta-feira 6, Moraes voltou a movimentar o processo alvo da ira de Trump. Dessa vez, flexibilizou as regras iniciais impostas com a prisão domiciliar permitindo, por exemplo, que Bolsonaro receba visitas de seus filhos, cunhadas, netos e netas, sem necessidade de comunicação prévia à Justiça. Antes, o contato só era permitido com os advogados.
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