Justiça

Gilmar ironiza suspensão de visto dos EUA para ministros do STF

Ele é um dos oito integrantes do Supremo que sofreram retaliação do governo Trump

Gilmar ironiza suspensão de visto dos EUA para ministros do STF
Gilmar ironiza suspensão de visto dos EUA para ministros do STF
Gilmar Mendes lança livro e, no discurso, faz piada com a suspensão de vistos impostas pelos EUA a membros do STF. A ironia arrancou risada de colegas de Corte que estavam na plateia. Foto: Fellipe Sampaio /STF
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A suspensão do visto para os Estados Unidos (documento necessário para viajar ao país norte-americano) não parece ter tirado o sono dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). É o que indica a postura do decano da Corte, Gilmar Mendes, que fez piada sobre o tema, divertindo colegas de Tribunal.

O caso aconteceu na quarta-feira 6, quando a biblioteca do STF recebeu evento de lançamento do livro Jurisdição Constitucional da Liberdade para a Liberdade, de autoria do próprio Gilmar. O ministro se emocionou enquanto lia um discurso e, depois, iniciou uma fala aparentemente improvisada.

Citando o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que acompanhava o discurso de perto, Gilmar mencionou “desafios institucionais” enfrentados pelo Supremo em meio ao golpismo da extrema-direita, que poderia, segundo o ministro, ter derrotado o Estado de Direito no Brasil. Ele, então, emendou a piada:

“Eu poderia estar contando [essa história] em Roma, em Paris, em Lisboa… Agora não em Washington, né?!“, disse, sorridente. Barroso e os ministros Flávio Dino e Edson Fachin, também presentes, deram risada. A ironia foi aplaudida pelo público que participava do lançamento.

“Poderíamos estar contando a história de uma debacle. Da derrota do Estado de Direito. Mas no momento temos estado, nesses ambientes, contando a consagração, a vitória, a atuação da jurisdição constitucional na proteção da democracia”, encerrou, sob mais aplausos.

Retaliação de Trump

Gilmar, Barroso, Dino e Fachin estão na lista de ministros do Supremo que não podem viajar aos EUA desde o último dia 19 de julho, quando o governo de Donald Trump suspendeu os vistos de todos eles, apontados como ‘aliados’ de Alexandre de Moraes, tido como ‘inimigo’ do regime trumpista por suposta ‘perseguição’ a Jair Bolsonaro (PL).

A lista tem ainda a ministra Cármen Lúcia e os ministros Cristiano Zanin e Dias Toffoli. Os únicos integrantes do Supremo ‘poupados’ foram Kassio Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados à Corte por Bolsonaro, e Luiz Fux, que se tornou uma espécie de ‘última esperança’ bolsonarista no STF.

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