Justiça
Fundo de pensão da Petrobras pede que Toffoli reveja suspensão de multa bilionária da J&F
Órgão que representa trabalhadores da estatal alegou que empreiteira omitiu informações e induziu o ministro a erro


O Petros, fundo de pensão dos trabalhadores da Petrobras, protocolou um recurso no Supremo Tribunal Federal para tentar reverter a decisão do ministro Dias Toffoli que suspendeu a multa de 10,3 bilhões de reais prevista no acordo de leniência firmado pela J&F.
No recurso protocolado na sexta-feira 1, o Petros alegou que a decisão de suspender a multa “se encontra eivada de vícios de fundamentação, certamente decorrentes da omissão de fatos e elementos relevantes por parte da J&F que induziram Sua Excelência a erro, impedindo-o de exercer o escorreito juízo de valor e dar o devido deslinde à controvérsia”.
Ao STF, a empresa investigada por uma operação decorrente da Lava Jato apontou que a assinatura do acordo estaria repleto de nulidades decorrentes de vícios de vontade de seus representantes, uma vez que o Ministério Público Federal não seguiu as previsões legais para a celebração do pacto.
Segundo o grupo pertencente aos irmãos Batista, o acordo foi firmado em meio a um cenário de parcialidade e pretensão nitidamente persecutório de agentes do Estado, o que o teria levado a aceitar “absurdas cláusulas” e a ter de vender ativos para garantir a sobrevivência do grupo.
Na decisão que suspendeu a multa, Toffoli apontou a “situação de inconstitucionalidade estrutural e abusiva em que se desenvolveram as Operações Lava Jato e suas decorrentes”.
No recurso, o Petros pede reconsideração da decisão também pelo fato desta, nas suas alegações, não ‘guardar relações com os desmandos’ da Lava Jato, conforme mencionado pelo ministro. O argumento é de que o acordo foi fechado no âmbito da Operação Greenfield, em 2017.
Para o Petros, a tentativa da J&F de associar a sua situação à Lava Jato tem “o claro intuito de angariar a simpatia do eminente julgador” e não deve ser acolhida.
O recurso ainda pede que, caso Toffoli negue a reconsideração da suspensão da multa, o recurso seja apresentado ao Plenário do STF para a apreciação de todos os ministros.
Outra parte do valor previsto no acordo de leniência, importante lembrar, foi destinado a Funcef, fundo de previdência dos empregados da Caixa Econômica Federal, que também recorreu da suspensão da multa.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Toffoli fixa prazo para ouvir Novonor e J&F; decisão sobre multas virá na sequência
Por CartaCapital
Mais 2 alvos da Lava Jato vão a Toffoli após decisões sobre J&F e Odebrecht
Por CartaCapital