Justiça
Família de Maluf assina acordo que prevê devolver R$ 210 milhões aos cofres de São Paulo
O ex-prefeito e empresas foram acusados de desvios que atingiram mais de 300 milhões de dólares durante obras na capital paulista
O Ministério Público de São Paulo ajuizou um acordo com a família de Paulo Maluf que prevê a devolução de 210 milhões aos cofres da capital paulista.
O acordo de não persecução civil, proposto pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital e pela Procuradoria Geral do Município de São Paulo, resulta de investigações sobre desvios de verbas municipais ocorridos entre 1993 e 1998.
Paulo Maluf — ex-prefeito da capital — e empresas foram acusados de desvios que superaram 300 milhões de dólares durante a construção do Túnel Ayrton Senna e da Avenida Água Espraiada (atualmente Avenida Jornalista Roberto Marinho).
Segundo o MP, o novo acordo — firmado com quatro filhos, uma ex-nora e um ex-genro do ex-prefeito, uma empresa offshore do Uruguai e um banco brasileiro que adquiriu ações da empresa Eucatex — não encerra as ações civis propostas pela Promotoria de Justiça, que continuarão em curso em relação a Paulo Maluf, sua esposa e empresas acusadas de superfaturamento e pagamento de propina.
O promotor Silvio Marques informou que já foram recuperados aos cofres públicos cerca de 160 milhões de dólares, por meio de acordos firmados pelo MP.
Após o acordo, o advogado Eduardo Diamantino, do Diamantino Advogados Associados, que representou os familiares do ex-prefeito, afirmou se tratar de “uma tendência negocial que favorece todo sistema de Justiça”.
“Ações assim costumam levar anos sem qualquer acordo ou conclusão. O desfecho mostra a postura colaborativa da família, que encerra uma controvérsia judicial sem estar sujeita às incertezas inerentes ao processo”, completou a defesa.
Continua em vigor contra o ex-prefeito e um de seus filhos uma ordem de prisão expedida em 2007 a pedido da Promotoria de Nova York, por lavagem de dinheiro desviado da capital paulista. Na França, ele e a esposa foram condenados a três anos de prisão e multa.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Vereador vai à Justiça contra Nunes por pagamento de aluguel de imóvel desocupado
Por CartaCapital
Mortes causadas por policiais em São Paulo têm o maior crescimento do país
Por Agência Pública
São Paulo deve ganhar 600 mil m² de novos escritórios até 2027, aponta estudo
Por Do Micro ao Macro


