Justiça
EUA chamam Moraes de ‘tóxico’ e ameaçam punir quem apoiar o ministro
O Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental afirmou que nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas por Washington
A crise diplomática em torno das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ganhou novos contornos nesta segunda-feira 18. Em postagens no X, a Embaixada norte-americana em Brasília e o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental reforçaram o alcance das medidas e elevaram o tom contra aliados do juiz.
No texto, os representantes de Washington afirmam que Moraes é “tóxico para todas as empresas legítimas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados”.
As mensagens também rebatem de forma indireta uma decisão do ministro Flávio Dino a determinar que leis e atos estrangeiros não produzem efeitos automáticos em território nacional. Segundo a nota, “nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las”, em referência ao despacho do STF.
Além de proibir que cidadãos americanos mantenham relações comerciais com Moraes, as postagens lançam uma ameaça ao Brasil: estrangeiros que oferecerem “apoio material” a pessoas classificadas por Washington como violadores de direitos humanos também poderão ser alvo de sanções.
A sequência de publicações reforça que os EUA pretendem usar seu poder sobre o sistema financeiro internacional para isolar o ministro. Na prática, pode significar dificuldades para qualquer instituição que, mesmo fora do território norte-americano, mantenha relações financeiras ou comerciais com Moraes.
Oito dos 11 ministros do STF, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, já foram sancionados e perderam os vistos norte-americanos. Os únicos salvos foram Luiz Fux, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.
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