Justiça

É incogitável falar em anistia, diz Gilmar Mendes sobre golpistas

A proposta de perdão, em tramitação na Câmara, é vista como alternativa para reabilitar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro

É incogitável falar em anistia, diz Gilmar Mendes sobre golpistas
É incogitável falar em anistia, diz Gilmar Mendes sobre golpistas
O decano do STF, Gilmar Mendes. Foto: Carlos Moura/SCO/STF
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Decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes afirmou ser “incogitável” promover anistia aos golpistas condenados pelos atos de 8 de Janeiro após a descoberta de que militares do Exército elaboraram um plano para matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Falar em perdão aos bolsonaristas, acrescentou o magistrado, seria irresponsável. “Como todos sabem, tenho vários interlocutores no meio político e não me parece que faça qualquer sentido, antes mesmo de termos uma denúncia, se falar em anistia”, afirmou Gilmar em entrevista à GloboNews, nesta terça-feira 19.

A proposta de anistia, em tramitação na Câmara, é vista como alternativa para reabilitar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível por oito anos. Na semana passada, líderes partidários passaram a avaliar que o texto teria poucas chances de avançar na Casa após o ataque ao edíficio-sede do STF na quarta-feira 13.

Essa percepção se acentuou com a operação da Polícia Federal que prendeu quatro ‘kids pretos’ (integrantes do grupo de elite do Exército) e um policial federal por envolvimento na trama golpista de 2022, nesta terça-feira. O plano tinha o objetivo de manter Bolsonaro no poder após a derrota para Lula.

O decano ainda classificou a trama como “extremamente grave” e afirmou ser necessário rediscutir a lei antiterrorismo para debater a inclusão da motivação política. “Tudo indica que havia pessoas de mais elevada patente participando desse complô, dessa iniciativa extremamente danosa. Não se trata de mera cogitação, estamos já num plano de preparação e execução.”

Ao lembrar dos meses após o pleito de 2022, Gilmar ainda considerou ter sido um erro “tolerar” as manifestações nas portas de quarteis do Exército, quando apoiadores de Bolsonaro se reuniram para cobrar uma reação do Exército ante a derrota do então presidente. Os acampamentos só foram desmanchados após a invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasilia.

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