Justiça

Dino defende revisão da Lei do Impeachment após decisão de Gilmar

O ministro também rebateu as críticas de Alcolumbre sobre a determinação do colega de STF

Dino defende revisão da Lei do Impeachment após decisão de Gilmar
Dino defende revisão da Lei do Impeachment após decisão de Gilmar
Ministro Flávio Dino na sessão plenária do STF Foto: Rosinei Coutinho/STF
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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, defendeu a revisão da chamada Lei do Impeachment após Gilmar Mendes limitar ao procurador-geral da República a competência de denunciar ao Senado integrantes do STF. A declaração ocorreu em um evento promovido pelo site Jota, em Brasília, nesta quinta-feira 4

Segundo Dino, o que se tem agora é “uma questão jurídica relevante a partir de uma moldura que o ministro Gilmar teceu”. Embora não tenha antecipado o seu voto, que será proferido no dia 12 de dezembro, quando o plenário do Supremo discutirá o assunto, Dino deu sinais sobre sua posição. “Hoje tem 81 pedidos de impeachment, isso jamais aconteceu antes no Brasil e nunca aconteceu em nenhum país do planeta. Então é preciso analisar para ver se de fato são acusações de crime de responsabilidade que merecem plausibilidade”, comentou.

Para o ministro, o total de pedidos protocolados atualmente “agudiza a necessidade de revisão do marco normativo”. Atualmente, a lei que fala sobre o assunto é de 1950, antes mesmo da última Constituição Federal e, segundo Dino, deve ser modernizada. “Espero que o julgamento sirva como estímulo para o Congresso Nacional legislar sobre o assunto”, disse.

Sem crise

O ministro, ainda no evento, discordou daqueles que dizem que há uma má qualidade na relação entre os Poderes. “Tem gritaria demais e reflexão de menos”, disparou. No entendimento de Dino, o Brasil não vive em uma ‘quadra catastrófica’.

“Quem viveu a ditadura, quem, como eu, teve na sua infância todas as doenças, não pode achar que o Brasil está em um momento de catástrofe, de insegurança jurídica, garanto a vocês. Comparem com outros países da OCDE, de modo geral, os poderes têm aqui e acolá os seus problemas, mas têm feito o seu papel”, defendeu. “A harmonia é construída no dia a dia”, insistiu.

Resposta a Alcolumbre

O ministro comentou sobre os ataques que sofre desde que assumiu a relatoria das emendas parlamentares na Corte, com discursos que o acusam de ativismo judicial por tomar muitas decisões monocráticas.

“Todas as decisões sobre emendas são colegiadas, o debate mal feito conduz a esse tipo de distorção. Eu lamento e espero que haja a compreensão de que é falsa a ideia de que as principais decisões do Supremo são monocráticas”, destacou ao lembrar que a decisão de Gilmar será votada pelos demais ministros a partir do dia 12 de dezembro.

Na quarta-feira 3, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), classificou a decisão de Gilmar sobre o impeachment de ministros do STF como ‘mais uma decisão monocrática da Corte’. Dino, nesta quinta, rebateu: “os presidentes da Câmara e do Senado e o presidente da República também tomam decisões monocráticas. Quem decide a pauta do Senado? É o presidente do Senado e ninguém xinga ele de monocrático”, finalizou.

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