Justiça

Deputado Binho Galinha é preso após operação contra milícia

Grupo liderado pelo parlamentar é apontado como responsável por crimes de lavagem de dinheiro oriundo do jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada, comércio ilegal de armas e associação para o tráfico

Deputado Binho Galinha é preso após operação contra milícia
Deputado Binho Galinha é preso após operação contra milícia
AscomALBA/AgênciaALBA
Apoie Siga-nos no

Investigado por chefiar uma milícia na Bahia, o deputado estadual Binho Galinha (PRD) entregou-se ao Ministério Público estadual nesta sexta-feira. O parlamentar estava foragido há dois dias, quando o órgão deflagrou uma operação em parceria com a Polícia Civil para prender integrantes da organização criminosa.

Binho foi detido em Feira de Santana, no interior da Bahia, sendo transferido à baiana posteriormente. De acordo com o MP, uma equipe de 20 agentes policiais e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas participaram do cumprimento da ordem judicial. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do deputado para comentar o assunto.

Na ação da última quarta-feira, a esposa do parlamentar, Mayana Cerqueira da Silva, e o filho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, foram presos. Quatro policiais militares também estiveram na mira da operação, que cumpriu dez mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão. A Justiça determinou ainda o bloqueio de 9 milhões de reais das contas dos investigados e a suspensão de atividades de uma empresa usada para lavagem de dinheiro.

Segundo a Polícia Federal, o grupo liderado por Binho Galinha é apontado como responsável por crimes de lavagem de dinheiro oriundo do jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada, comércio ilegal de armas e associação para o tráfico. As investigações indicam que, mesmo sob medidas cautelares, o deputado continuou a liderar o esquema utilizando empresas de fachada e laranjas para movimentar recursos ilícitos.

A batida policial desta semana é um desdobramento da Operação El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023, quando foram cumpridos mais de 30 mandados e bloqueados mais de 200 milhões de reais em bens. Na época, esposa e filho do deputado também haviam sido presos, mas foram soltos no ano seguinte. Em junho de 2024, parte das medidas da El Patrón foi anulada pelo STJ, que apontou falhas na coleta de relatórios do Coaf sem autorização judicial. Mais tarde, o STF reverteu a decisão, validando parte das provas.

De acordo com a Justiça e o Ministério Público da Bahia, a persistência do grupo em manter as atividades criminosas justificou a nova ofensiva.

Natural de Feira de Santana, Binho Galinha (nascido Kléber Cristian Escolano de Almeida) ganhou projeção política após atuar em ações sociais durante a pandemia de Covid-19, quando distribuía refeições a famílias carentes. Empresário do setor automotivo, é dono do ferro-velho Tend Tudo, fundado em 2006. O apelido surgiu no início da vida profissional, quando trabalhou em um abatedouro de aves.

Antes de ingressar na política, acumulou passagens policiais: foi preso em 2011 sob acusação de integrar uma quadrilha especializada em roubos de veículos. Em 2023, tornou-se alvo da Operação El Patrón, que apontou sua ligação com uma milícia envolvida em lavagem de dinheiro e comércio de peças de automóveis roubados.

Eleito deputado estadual, Binho Galinha foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia em fevereiro de 2025 como líder da organização criminosa que domina atividades ilícitas em Feira de Santana. Desde então, passou a responder a processos, mas se manteve no exercício do mandato na Assembleia Legislativa da Bahia, sem que o Conselho de Ética da Casa instaurasse processo disciplinar.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo