Justiça
Depósito em dinheiro vivo desencadeou investigação contra empresa de Renato Cariani
Influenciador foi alvo de operação da PF por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas e desvio de insumos para a produção de crack; ele nega irregularidades
Alvo da operação da Polícia Federal (PF) contra tráfico de drogas e desvio de produto químico na produção de crack, o influenciador Renato Cariani recebeu depósitos em dinheiro vivo em nome da AstraZeneca. O laboratório, porém, não reconheceu como seu o repasse à empresa Anidrol, da qual Cariani é sócio.
A rota do dinheiro, que deu origem à operação policial contra o influenciador, foi divulgada nesta quarta-feira 13 pelo site Metrópoles. De acordo com a publicação, a AstraZeneca foi notificada pela primeira vez em 2017 pela Receita Federal.
A ideia era explicar os negócios com a Anidrol, uma vez que o Fisco tinha identificado depósitos de 103,5 mil e 108,5 mil reais nas contas da empresa de Cariani. À época, a empresa argumentou que nunca teve relação comercial com a Anidrol.
“Houve o risco institucional que a empresa correu ao ter seus dados vazados e utilizados por terceiros desconhecidos sem o seu aval”, disse um analista de compras da AstraZeneca à PF, segundo a publicação.
Já a empresa do influencer, por sua vez, disse à Receita que forneceu à AstraZeneca cloreto de lidocaína. Essa substância é utilizada na indústria farmacêutica e é uma das bases para a produção de crack, por exemplo.
Mensagens entre Cariani e sócia
Para avançar no caso, a PF também interceptou mensagens entre Cariani e a sua sócia, Roseli Dorth. Segundo o site G1, as mensagens indicam que Cariani e Dorth sabiam que estavam sendo monitorados pela política.
“Poderemos trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia”, diz Cariani em uma das mensagens divulgadas.
Ainda de acordo com a publicação, outra mensagem mostra que a sócia de Cariani explica ao influencer que é possível retirar rótulos dos produtos para impedir a fiscalização.
Fraude em notas fiscais
A PF apurou que as emissões de notas eram feitas por empresas licenciadas para vender produtos químicos em São Paulo, segundo o Metrópoles.
A PF, de acordo com a publicação, teria identificado sessenta transações dissimuladas que totalizaram cerca de doze toneladas de produtos químicos: fenacetina, acetona, éter, etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila.
O que diz Renato Cariani
Logo após a operação de ontem, o influenciador foi às redes sociais para tratar do caso. Em mensagem por vídeo, ele defendeu a lisura da empresa e negou qualquer irregularidade.
“Eu fui surpreendido com o cumprimento de um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa”, afirmou Cariani, que disse que a empresa trabalha de maneira regular.
“É uma empresa linda, onde minha sócia, com 71 anos de idade, ainda é a grande administradora, grande gestora da empresa. É quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, todas as certificações nacionais e internacionais. A empresa trabalha totalmente regulada. Então, para mim, para a minha sócia e para todas as pessoas, foi uma surpresa”, disse o influenciador.
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