Defesa de Valdemar vai tentar reaver pepita de ouro e relógios de luxo apreendidos pela PF

A defesa de Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal, estuda pedir ao Supremo Tribunal Federal a devolução de alguns bens encontrados na casa dele em fevereiro, durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta articulação pró-golpe de Estado após as eleições de 2022.

Foram apreendidos, entre outras coisas, uma pepita de ouro, dois relógios de luxo e celulares. Os advogados do ex-deputado confirmaram a CartaCapital que também tentam reaver um caderno de anotações encontrado pelos investigadores da Polícia Federal.

Por ora, a defesa ainda aguarda a conclusão das perícias realizadas pela PF com objetivo de provar que o ouro foi retirado de garimpo artesanal fora do Brasil. A tese sustentada por Valdemar é que a pepita é um item raro e de colecionador, não tendo fins comerciais.

No seu depoimento aos investigadores, o presidente do PL disse que a pedra preciosa foi “um presente recebido há muitos anos”. Mas, questionado sobre a identidade de quem o presenteou, afirmou “não se lembrar, já que recebe muitos presentes”.

A análise preliminar da PF identificou que a morfologia da peça não é compatível com o solo e as formações rochosas da Amazônia, indicando para uma possível extração clandestina em um garimpo no Brasil.

A suspeita inicial, de que o ouro teria sido retirado de um garimpo ilegal da Amazônia estaria, portanto, praticamente descartada. Isso porque o ouro amazônico costuma ser de rochas mais antigas e encontradas em fragmentos menores.

O item apreendido com Valdemar vem, segundo a perícia, de uma formação geológica mais recente. Ainda não se sabe, porém, a procedência. As características apontam para garimpos nos Estados Unidos ou nos Andes, no Chile.

De acordo com o relatório, a pedra tem um teor aproximado de 91,76% de ouro e valeria cerca de 11,6 mil reais.

“As características da pepita de ouro mineral, tais como o alto teor de ouro, textura, granulometria e a sua composição química e mineral, indicam que se trata de produto aurífero primário, proveniente de retirada direta da jazida, sem processamento, típico de atividade de garimpagem”, diz o documento.

Valdemar foi alvo da Operação Tempus Veritatis por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em sua residência e na sede do Partido Liberal.

Na época da apreensão, o ex-deputado chegou a ser preso em razão da apreensão da pepita sem origem e do revólver com o registro vencido – ele foi liberado no dia seguinte.

A investigação que mirou o mandachuva do PL investiga suposto envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma  trama golpista para mantê-lo no poder e reverter a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.