Decisão fundamentada

Lenio Streck defende a anulação do mandato de Dallagnol

Há uma tentativa de desmoralizar os juízes do TSE, afirma Streck – Imagem: Vinícius Schmidt/Ag.Fotonotícia/OAB-GO

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Em meio à polêmica sobre a cassação do deputado Deltan Dallagnol, Lenio Streck, procurador aposentado e professor de Direito da Unisinos, não tem dúvida: a decisão do TSE foi fundamentada. Streck, na entrevista à repórter Fabíola Mendonça, vê nas críticas uma tentativa de colocar em dúvida a lisura do tribunal, que em breve vai decidir sobre o futuro político de Jair Bolsonaro e Sergio Moro.

Carta Capital: O que achou da cassação do mandato de Deltan Dallagnol?
Lenio Streck: É uma decisão bem complexa para quem não é do ramo, mas, em termos jurídicos, não é difícil. Embora a lenda urbana criada em torno da decisão seja uma narrativa falsa de que o TSE teria forçado a barra, feito uma interpretação extensiva e utilizado denúncias contra Dallagnol como expectativas de que pudessem se transformar em processo administrativo disciplinar, esqueceram de dizer que havia dois procedimentos em aberto feitos pelo próprio Dallagnol para respirar por aparelhos, digamos assim. Quando foi condenado, ele recorreu ao STF. Abriu mão da fase administrativa e foi para a judiciária. Deixou os dois processos abertos e pediu exoneração, e isso é proibido. Querem questionar a credibilidade do TSE em face do que vem por aí. O bolsonarismo e os moristas criticam o TSE porque o tribunal vai julgar Bolsonaro e Moro. “Vamos amaldiçoar logo o TSE para, quando chegar a vez de Bolsonaro e de Sergio Moro, o tribunal estar frágil.” Quem leu a decisão e acompanhou todo o histórico sabe que esses dois processos foram fundamentais.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 26 de maio de 2023 17h05
O Dr. Lênio Streck está coberto de razão. Embora a situação de Deltan Dallagnol pareça mais complexa que a de Bolsonaro, é fato que a partir da inscrição de sua candidatura, Dallagnol cometeu o pecado original ao se candidatar, o que fere a lei da ficha limpa, pois deveria esperar o término do processo administrativo que se lhe fosse favorável, aí sim, poderia lançar sua candidatura ao legislativo. Mas quis driblar a lei para ganhar a imunidade parlamentar. Dallagnol pensa que é mais esperto que todo o mundo. Dessa vez se deu mal e tem mais chumbo grosso contra ele.

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